Nas redes sociais, foi divulgada na última terça-feira (16) a última carta de Natal escrita por Gerson de Melo Machado, de 19 anos, jovem que morreu após ser atacado por uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa (PB). A publicação foi feita pela conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou Gerson durante parte de sua trajetória de vida.
Intitulada “Desejo do Coração”, a carta traz pedidos simples e comoventes, como felicidade, carinho e amor da mãe, além da oportunidade de conseguir um trabalho. Gerson morreu no dia 30 de novembro, depois de invadir o recinto da leoa Leona, episódio que causou grande repercussão.
O texto foi escrito anos antes, quando o jovem estava internado no Centro Educacional do Adolescente (CEA), em João Pessoa. Nele, Gerson expressa seus sonhos de forma direta e sensível, revelando esperança em dias melhores, apesar das dificuldades enfrentadas.
Em um dos trechos, ele escreveu: “Eu queria ter uma grande felicidade que eu nunca tive, mas como Deus é maior, um dia eu vou ter. Eu queria ter a visita da minha mãe para ter carinho e amor”. Na mesma carta, Gerson manifestou o desejo de trabalhar como policial florestal ou veterinário, o que, segundo a conselheira, refletia seu amor pelos animais.
A conselheira Verônica Oliveira afirmou ter sido profundamente tocada pela leitura da carta, inicialmente compartilhada por Margarete, professora do CEA, em um grupo de estudos. Em sua avaliação, o jovem não fez pedidos materiais ou impossíveis, mas expressou necessidades básicas que marcaram uma vida de privações.
Diagnosticado com esquizofrenia, Gerson tinha um histórico de abandono e passou por diversos centros de acolhimento, além de internações interrompidas. Em publicações nas redes sociais, Verônica destacou que muitos comportamentos do jovem eram, na verdade, pedidos de ajuda, algo que também se reflete no conteúdo da carta.
Ao final do texto, Gerson agradeceu o apoio de profissionais que o acompanharam durante o período em que esteve privado de liberdade, mencionando professores, agentes, diretores, além de um advogado e uma juíza. O jovem morreu no local do ataque após escalar um muro de mais de seis metros e ultrapassar as grades de segurança do Parque Arruda Câmara, conhecido como Bica, conforme informou a Polícia Civil da Paraíba.