Em meio à turbulência causada pelo decreto sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, iniciou um período de férias nesta segunda-feira (16). A folga, que inicialmente ocorreria entre os dias 11 e 22 de julho, foi antecipada e seguirá até o próximo domingo (22). A mudança foi oficializada em despacho publicado no Diário Oficial da União em 5 de junho, assinado pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin.
A antecipação das férias acontece em um momento delicado para a equipe econômica, pressionada por críticas ao novo decreto do IOF e à espera de medidas de ajuste fiscal que prometem amenizar o desgaste. A expectativa é de que as ações previstas pela Fazenda possam ajudar a contornar o impasse e restaurar a confiança no planejamento financeiro do governo.
Durante a ausência de Haddad, o comando do Ministério da Fazenda ficará sob responsabilidade do secretário-executivo Dario Durigan. Ele assume a pasta com a missão de acompanhar de perto a votação, na Câmara dos Deputados, do pedido de urgência para o projeto que visa derrubar o decreto do IOF — um teste de força para o governo no Congresso.
Regime de urgência
A Câmara dos Deputados deve votar nesta segunda-feira (17) o regime de urgência do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que busca sustar os efeitos do recente reajuste do IOF, reeditado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), confirmou a inclusão da matéria na pauta após reunião com os líderes partidários, apontando que o clima entre os deputados é majoritariamente contrário à medida.
“Conforme tenho dito nos últimos dias, o clima na Câmara não é favorável ao aumento de impostos com objetivo arrecadatório para resolver nossos problemas fiscais”, afirmou Motta em publicação nas redes sociais. O decreto do IOF, anunciado pelo governo no fim de maio para gerar R$ 20 bilhões em receita extra, sofreu forte resistência tanto do mercado quanto do Congresso. Diante da pressão, o Planalto prometeu reduzir o impacto do reajuste e enviar uma medida provisória com alternativas de arrecadação.
A crise entre Executivo e Legislativo se agravou com a repercussão negativa do pacote fiscal. No último sábado (14), o presidente Lula se reuniu com ministros e com Hugo Motta para tentar conter o desgaste. Ainda assim, a insatisfação persiste, inclusive entre partidos da base aliada, que ameaçam votar contra a medida provisória e articulam com a oposição para barrar o decreto do IOF.