A Polícia Civil de Alagoas realizou a apreensão de dois armamentos de fogo no imóvel onde residiam o médico Alan Carlos de Lima Cavalcante e sua ex-esposa, a também médica Nádia Tamyres, autora confessada do homicídio do ex-cônjuge. A ação ocorreu em Arapiraca, cidade onde o casal morava durante o período em que mantinham a relação conjugal.
O procedimento de busca e apreensão foi executado na segunda-feira (17), após aprovação formal do advogado da investigada. A equipe da Unidade de Atendimento de Local de Crime (UALC 3), vinculada à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), adentrou a propriedade sob supervisão do delegado Esron Pinho.
As armas, uma registrada em nome da vítima e outro em nome da acusada, são modelos idênticos e serão submetidos a exame pericial para determinação de qual deles foi utilizado no episódio fatal.
O material apreendido encontra-se sob guarda da Polícia Civil e será encaminhado ao Instituto de Criminalística para os devidos procedimentos técnicos.
As investigações do caso estão sob responsabilidade do delegado Everton Gonçalves, titular da Delegacia de Homicídios de Arapiraca (DHA).
Sobre o caso
O médico Alan Carlos de Lima Cavalcante, de 41 anos, foi vitimado por disparos de arma de fogo dentro de seu veículo na tarde de domingo (16). O fato ocorreu em frente à Unidade Básica de Saúde do Povoado Capim, localizado na zona rural de Arapiraca.
Testemunhas do episódio identificaram a médica Nádia Tamyres, ex-esposa do falecido, como autora dos tiros. A acusada chegou ao local dirigindo um carro Jeep, desceu do automóvel portando a arma, manteve breve discussão com Alan e efetuou múltiplos disparos através do para-brisa. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência atestou o óbito no local.
Após a prática do delito, Nádia deixou o município de Arapiraca e foi detida horas mais tarde pela Polícia Militar na cidade de Atalaia. A investigada não opôs resistência à prisão e declarou ter abandonado a cidade por temer retaliações.
Em depoimento à autoridade policial, Nádia admitiu a prática do crime e justificou sua conduta afirmando ter se sentido ameaçada, alegando que Alan descumpria medida protetiva que o impedia de aproximar-se dela e de sua filha. A acusada também relatou que o ex-marido realizou movimento brusco durante a discussão, o que a teria levado a efetuar os disparos.
O caso, entretanto, possui antecedentes de violência: em setembro de 2024, Alan foi indiciado por prática de violência psicológica contra a ex-esposa e também por estupro de vulnerável contra a filha do casal, à época com três anos de idade. A criança narrou os supostos abusos em depoimento especializado e, ainda que o laudo pericial não tenha constatado indícios de penetração, o Ministério Público requereu medida protetiva e o afastamento paterno do convívio com a menor.
A apuração do homicídio, conduzida pelo delegado Daniel Scaramello, obteve acesso a registros de câmeras de segurança que mostram Nádia chegando ao local portando a arma, aproximando-se do veículo da vítima e efetuando os disparos após breve discussão.
A Polícia Civil informou que nenhum armamento foi localizado junto a Alan, afastando a hipótese de legítima defesa apresentada pela investigada.
Após realização de exame de corpo de delito, Nádia participou de audiência de custódia na segunda-feira (17), ocasião em que a magistrada Bruna Saback de Almeida Rosa determinou a conversão da prisão em flagrante em preventiva. A médica permanece custodiada e à disposição do Poder Judiciário.