A direção do Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, respondeu nesta terça-feira (16) à nota de repúdio divulgada pelo Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed/AL), que criticou a instalação de um cartaz nas dependências da unidade orientando pacientes e acompanhantes a denunciarem, por meio de fotos, vídeos e mensagens via WhatsApp, casos de “má assistência”.
De acordo com o diretor do hospital, Fernando Fortes Melro, a iniciativa visa estreitar a comunicação entre os usuários do sistema de saúde e a administração da unidade, com foco na resolução de problemas.
“A intenção foi unicamente facilitar a troca de informações com foco na resolução de problemas apontados pelos pacientes e acompanhantes”, explicou.
Fortes considerou a reação do sindicato uma retaliação às medidas administrativas adotadas recentemente pela direção do hospital. Ele citou como exemplo um caso grave registrado há cerca de 30 dias, em que um paciente da UTI cardíaca apresentou larvas de miíase na cavidade oral. O episódio resultou na demissão de três médicos, três fisioterapeutas e nove profissionais de enfermagem, todos diretamente responsáveis pela assistência ao paciente.
“São falhas assistenciais graves. Não se trata de perseguição, mas de ações para garantir que não haja reincidência de má assistência que coloca vidas em risco”, afirmou o diretor.
Fortes também mencionou outro caso envolvendo a negligência na troca de equipamentos em um paciente, mesmo com os insumos disponíveis. Para ele, esse tipo de conduta evidencia a necessidade de mecanismos que permitam a participação ativa da população na fiscalização do serviço prestado.
“A campanha de denúncias via WhatsApp não tem caráter punitivo, mas educativo e participativo. Trata-se de uma iniciativa de aproximação com os pacientes, para que tenham voz ativa na identificação de falhas e na melhoria dos serviços prestados. Sempre com foco na prioridade e bem-estar do paciente”, destacou.
A nota do Sinmed/AL classifica o cartaz como uma forma de vigilância sobre os profissionais de saúde, o que, segundo a entidade, pode gerar constrangimento e desconfiança no ambiente hospitalar. No entanto, para o diretor do HGE, a manifestação do sindicato “reforça a tentativa de setores sindicais de deslegitimar medidas administrativas que visam garantir a segurança e a qualidade da assistência”.
O caso reacende o debate sobre os limites entre a fiscalização da qualidade do atendimento público e a defesa das prerrogativas dos profissionais da saúde.