
A Câmara Municipal de Maceió atravessa uma das fases mais turbulentas de sua história recente, uma semana após o afastamento do vereador Siderlane Mendonça (PL), determinado pela Justiça Eleitoral no âmbito da Operação Falácia. A investigação, que tramita sob sigilo, apura suspeitas de corrupção, desvio de recursos públicos e crimes eleitorais, mergulhando o Legislativo municipal em um ambiente de incertezas e tensão política.
A operação, deflagrada com o cumprimento de 21 mandados de busca e apreensão, teve como alvo, entre outros, o gabinete do vereador. Três assessores de Siderlane também foram proibidos de frequentar as dependências da Câmara, ampliando o impacto institucional da ação.
Em meio à crise, a sessão legislativa realizada na quarta-feira (30) foi marcada por um simbolismo inédito: conduzida exclusivamente por mulheres. As vereadoras Silvânia Barbosa (Solidariedade), Jeannyne Beltrão (PL) e Olívia Tenório (PP) assumiram a condução dos trabalhos, em um gesto de resiliência diante do abalo político que atinge a Casa.
O presidente da Câmara, Chico Filho (PL), manteve-se afastado dos holofotes e evitou pronunciamentos públicos, o que foi interpretado como uma tentativa de contornar o desgaste crescente. Nos bastidores, sua ausência do centro dos debates reforça as especulações sobre a pressão interna que enfrenta.
A tensão aumentou ainda mais após a polêmica declaração do vereador Marcelo Palmeira (PL), que afirmou ter recebido propostas para fraudar o concurso da Casa. Embora tenha voltado atrás no dia seguinte, o episódio contribuiu para alimentar a crise institucional.
Com o afastamento de Siderlane, a vaga na Câmara passou a ser pleiteada por seu suplente, Caio Bebeto (PL), filho do deputado estadual Cabo Bebeto (PL). A presidência da Casa, no entanto, sustenta que não há necessidade de substituição imediata, já que o afastamento é inferior a 120 dias. A defesa de Caio, por sua vez, prepara uma ação judicial para garantir sua nomeação e posse.
Enquanto isso, a Câmara de Maceió segue sob forte observação da opinião pública e dos órgãos de controle, em um momento decisivo para sua credibilidade e estabilidade.