O presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), André Corrêa do Lago, fez um apelo por acordo entre as nações participantes durante sessão realizada na manhã desta sexta-feira (21). O embaixador enfatizou a necessidade de entendimento comum em benefício do planeta, em meio às negociações decisivas do evento.
Corrêa do Lago afirmou que o momento atual exige colaboração entre os países e que os resultados da conferência não devem ser interpretados sob a ótica de vitórias ou derrotas.
“Sabemos o quanto há de obstáculos para colocar palavras em prática e como é muito difícil chegar a consensos. Mas nós nunca podemos esquecer que o mesmo consenso que às vezes nos exaspera — analistas, delegados, tantas pessoas — fortalece este regime. Temos que mostrar que esta é a COP em que consenso é força”, disse.
“Não podemos nos dividir no contexto do Acordo de Paris. Temos aqui a percepção de divisão que vem de vários negociadores da convenção. Essa noção de divisão nós tentamos reduzir durante esta negociação, com transparência e soluções verdadeiras que vêm das delegações”, complementou.
Segundo o diplomata, pelo menos três objetivos estabelecidos como prioritários para a presidência brasileira serão alcançados: fortalecimento do multilateralismo; conexão dos debates da COP com a realidade da população; e aceleração na implementação do Acordo de Paris (que tem como meta reduzir emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento global a 1,5ºC).
O presidente da COP30 também ressaltou que a realização do evento em Belém, na região amazônica, foi fundamental para transmitir a mensagem de preservação do bioma.
“Ao organizar esta COP na Amazônia, o presidente Lula quis que o mundo visse não apenas a beleza forte desse bioma incrível, mas também os desafios que nós temos que desenvolver”, disse Corrêa do Lago.
“Eu acredito que mudamos a percepção da relação entre natureza e clima. Obrigado pelos momentos que todos vocês passaram aqui e pela sensibilidade em relação às nossas florestas, que é algo que nem todos instintivamente entendem que é preciso proteger”, complementou.
Durante a abertura da sessão informal na Zona Sul, local oficial onde ocorre a COP30, o embaixador também mencionou o incêndio que atingiu parte das instalações na quinta-feira (20).
Ele declarou que, apesar dos aspectos negativos do ocorrido, houve demonstração de apoio coletivo, que poderia ser levado para as discussões do documento final do evento.
“Estamos aqui juntos depois do fogo. Isso foi rapidamente controlado e contido. Isso nos lembrou da nossa vulnerabilidade compartilhada e de como instintivamente agimos juntos em momentos de crise. Eu gostaria de agradecer a todos pelo profissionalismo e solidariedade. Recebemos muitas mensagens de apoio. Muitas delas foram realmente muito fortes, amigáveis e sensíveis”, disse Corrêa do Lago.