Nem sempre comer bem significa apenas contar calorias. A nutrição vai além da matemática alimentar: ela envolve corpo, mente e emoções. Muito mais do que uma estratégia para controlar o peso, a alimentação pode se transformar em uma ferramenta de equilíbrio físico, mental e emocional.
A nutricionista da Hapvida, Marcela Fernanda dos Santos, destaca que os alimentos que escolhemos impactam diretamente o funcionamento do cérebro e o nosso bem-estar emocional. “Estamos lidando com uma bioquímica complexa que influencia nossos sentimentos, nossa memória e até nossa resposta ao estresse”, afirma.
Segundo Marcela, investir em uma alimentação rica em frutas, vegetais, proteínas de qualidade e gorduras saudáveis é essencial para manter o organismo e a mente em equilíbrio. Por outro lado, o consumo excessivo de produtos ultraprocessados e açúcares simples pode desencadear inflamações e desequilíbrios hormonais, prejudicando a saúde mental. Para a especialista, cada refeição carrega não apenas nutrientes, mas também mensagens químicas e emocionais para o corpo.
Não é exagero dizer que alguns alimentos realmente têm o poder de melhorar o humor. A produção de neurotransmissores como serotonina e dopamina — substâncias que regulam o prazer, a motivação e o equilíbrio emocional — depende da ingestão adequada de vitaminas e minerais. Itens como ovos, cacau, peixes e oleaginosas, por exemplo, são fontes de triptofano, essencial para a serotonina. Já a dopamina exige tirosina, ferro, vitaminas do complexo B, magnésio e vitamina C, encontrados em carnes, leguminosas, sementes e frutas cítricas.
O que se come também influencia diretamente a qualidade do sono. Marcela explica que alimentos como banana, aveia, abacate e sementes ajudam na produção de melatonina, o hormônio que regula o sono. Em contrapartida, refeições pesadas e excesso de cafeína à noite podem atrapalhar o descanso. Ela recomenda se alimentar até duas horas antes de dormir e apostar em pratos leves e nutritivos. Durante o dia, a combinação de carboidratos complexos, proteínas magras e boas gorduras mantém a energia e o foco. E não se pode esquecer da hidratação — muitas vezes, a fadiga pode ser apenas sede disfarçada.
Vivemos em uma era de dietas radicais e julgamentos nas redes sociais, mas a nutricionista reforça que o caminho está no equilíbrio. Para ela, nutrição é constância com flexibilidade, e não rigidez. “Não se trata de perfeição, mas de fazer boas escolhas com frequência. Comer bem também é comer com tranquilidade, sem culpa”, defende. Além disso, ela lembra que as necessidades nutricionais mudam conforme a fase da vida. Da infância ao envelhecimento, a alimentação deve ser adaptada para apoiar o desenvolvimento, preservar a saúde e manter a qualidade de vida.
Comer bem, para Marcela, é um ato de respeito e escuta ao próprio corpo. “Quando enxergamos a comida como uma forma de cuidado, tudo muda. A alimentação deixa de ser um peso e se transforma em uma ponte para o bem-estar, a leveza e a disposição”, conclui a nutricionista.