O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a Santiago, no Chile, no domingo (20), onde participa nesta segunda-feira (21) da “Reunião de Alto Nível: Democracia Sempre”. O encontro, convocado pelo presidente chileno Gabriel Boric, reúne líderes de países como Brasil, Espanha, Colômbia e Uruguai para discutir o fortalecimento institucional e a defesa da democracia na região.
A viagem ocorre em meio a uma turbulência diplomática. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A medida, segundo ele, seria uma resposta à “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil.
No mesmo pacote de sanções, Trump incluiu produtos estratégicos de outros países da América Latina, como o cobre exportado pelo Chile, o que amplia o impacto das retaliações norte-americanas na região.
Além disso, o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) informou que abriu uma investigação formal contra o Brasil. O país é acusado de adotar práticas desleais nas relações comerciais com os Estados Unidos, agravando ainda mais o cenário de tensão entre os dois governos.
Ações de Donald Trump contra o Brasil
- O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, tem coordenado reuniões com setores afetados pela tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
- Alckmin já se reuniu com representantes do agronegócio, indústria, da Câmara Americana de Comércio e também com empresários da indústria, como da empresa Suzano.
- O presidente Lula afirmou que o Brasil irá se reunir com empresários exportadores, acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) e buscar novos mercados externos.
- O líder do Palácio do Planalto também indicou que a resposta ao chefe da Casa Branca será por meio da Lei da Reciprocidade Econômica, que permite retaliações comerciais a países que impuseram barreiras ao Brasil.
Donald Trump tem tentado pressionar o governo Lula e o Supremo Tribunal Federal (STF) para que cessem os processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar das investidas, o ministro Alexandre de Moraes determinou medidas cautelares contra Bolsonaro, alegando que ele e o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) teriam atuado junto ao governo norte-americano para promover sanções contra o Brasil como forma de coação institucional.
Durante o encontro em Santiago, no Chile, Lula deve aproveitar o espaço político para reforçar seu compromisso com a soberania nacional. A expectativa é de que o presidente critique publicamente tentativas de interferência de governos estrangeiros nas instituições democráticas brasileiras.
O governo chileno, anfitrião do evento, também se vê em rota de colisão com os Estados Unidos. Trump anunciou a imposição de tarifas sobre o cobre, principal produto de exportação do Chile, o que coloca Gabriel Boric em posição semelhante à de Lula diante das sanções americanas.
Enquanto isso, em território nacional, o governo brasileiro intensifica sua comunicação com a população. A estratégia tem sido apostar em campanhas nas redes sociais que exaltam o patriotismo e a defesa da soberania, em resposta ao cenário de tensão diplomática com a gestão Trump.
Cobre chileno
No mesmo dia em que anunciou a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o presidente Donald Trump também comunicou que o cobre será taxado na mesma proporção a partir de 1º de agosto. A medida afeta diretamente o Chile, um dos maiores exportadores mundiais desse metal.
Reconhecido como o maior produtor global de cobre, o Chile é responsável por mais de 20% da produção mundial. Além disso, o país possui grande relevância no mercado de lítio, ocupando a segunda posição no ranking mundial.
Segundo dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o Chile detém cerca de 30% da produção global de lítio, o que o torna um ator estratégico em cadeias produtivas essenciais para a indústria tecnológica e energética.
Reunião pela democracia
O encontro no Chile tem como objetivo dar sequência a uma iniciativa lançada em 2024, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). A proposta central é fortalecer um posicionamento comum em defesa da democracia e do multilateralismo entre os países participantes.
Durante a reunião, representantes de Chile, Brasil, Espanha, Colômbia e Uruguai devem se debruçar sobre propostas conjuntas. A meta é consolidar essas ideias para que sejam levadas à próxima Assembleia Geral da ONU, marcada para setembro, em Nova York.