A Câmara dos Deputados se movimenta para evitar a perda do mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) e, ao mesmo tempo, discutir a retirada de Hugo Motta (Republicanos-PB) do comando da Casa após uma série de episódios de desgaste político. A articulação envolve diretamente os sete integrantes da Mesa Diretora, responsáveis por assinar qualquer decisão que leve à cassação por faltas.
Pelo regimento, a ausência prolongada do parlamentar pode resultar na perda automática do mandato. No entanto, para que isso ocorra, é necessário que todos os membros da Mesa avaliem e referendem a decisão. Eduardo Bolsonaro está sem exercer suas funções desde março, quando deixou o país rumo aos Estados Unidos em tentativa de evitar repercussões semelhantes às enfrentadas por seu pai, Jair Bolsonaro.
Apoio incerto dentro da Mesa Diretora
O comportamento de Hugo Motta nas sessões mais recentes, especialmente entre esta quarta (10) e a madrugada de quinta-feira (11), abriu dúvidas sobre sua capacidade de conduzir votações sensíveis. Lideranças avaliam que Motta pode não reunir apoio suficiente para conduzir o processo que decidiria o futuro de Eduardo Bolsonaro.
Pelo menos dois dos sete integrantes da Mesa — Altineu Côrtes (PL-RJ) e Elmar Nascimento (União-BA) — já indicaram que votarão contra a cassação de Eduardo. Segundo parlamentares ouvidos, não seria difícil conquistar mais dois votos, o que inviabilizaria a perda do mandato do deputado.
A pressão contra Motta cresceu após episódios que envolveram confrontos no plenário. Em um deles, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) protagonizaram tumultos, gerando críticas ao presidente da Casa. O mal-estar se intensificou e já há um movimento simultâneo dentro de PT e PL pela retirada de Motta da presidência.

