As contas externas do Brasil registraram um déficit de US$ 4,7 bilhões em agosto de 2025, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (26) pelo Banco Central, no relatório de estatísticas do setor externo. O resultado representa uma redução em relação ao déficit de US$ 7,2 bilhões apurado no mesmo mês de 2024.
O relatório reúne diversas informações econômicas relacionadas ao setor externo, incluindo balanço de pagamentos, comércio de mercadorias, movimentação cambial, entre outros indicadores que refletem a interação do país com a economia internacional.
Veja histórico para o mês:
- agosto de 2021: déficit de US$ 1,7 bilhão;
- agosto de 2022: déficit de US$ 6,6 bilhões;
- agosto de 2023: déficit de US$ 585,1 milhões;
- agosto de 2024: déficit de US$ 7,2 bilhões;
- agosto de 2025: déficit de US$ 4,7 bilhões.
Nos 12 meses encerrados em agosto de 2025, o déficit em transações correntes das contas externas do Brasil atingiu US$ 76,2 bilhões, valor equivalente a 3,51% do Produto Interno Bruto (PIB). Em comparação, no mesmo período do ano anterior, o déficit foi de US$ 43,6 bilhões, representando 1,95% do PIB.
No mês de agosto, o destaque positivo foi a balança comercial de bens, que apresentou superávit de US$ 5,5 bilhões. As exportações somaram US$ 30 bilhões, registrando alta de 3,8% em relação ao mesmo mês de 2024, enquanto as importações caíram 2,6%, totalizando US$ 24,5 bilhões.
Já o déficit na conta de serviços ficou em US$ 4,2 bilhões no mês, representando uma queda de 20,3% na comparação com agosto do ano passado. O Banco Central destacou redução nas despesas líquidas com transporte (–21,5%), propriedade intelectual (–18,6%), telecomunicações, computação e informação (–6,6%) e aluguel de equipamentos (–5,5%).
Por outro lado, os gastos líquidos com viagens internacionais se mantiveram estáveis em relação a agosto de 2024, totalizando US$ 1,2 bilhão, sem variação significativa no período.
O relatório também apontou que a renda primária registrou déficit de US$ 6,3 bilhões em agosto de 2025, uma alta de 6,4% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. As despesas líquidas com juros subiram 9,3%, alcançando US$ 1,5 bilhão, enquanto os gastos com lucros e dividendos ligados a investimentos direto e em carteira aumentaram 5,2%, somando US$ 4,9 bilhões.
IDP
Em agosto de 2025, os Investimentos Diretos no País (IDP) registraram ingressos líquidos de US$ 8 bilhões, levemente abaixo dos US$ 8,2 bilhões registrados no mesmo mês de 2024, segundo dados do Banco Central.
Desse montante, a maior parte veio da participação no capital, que totalizou US$ 6,3 bilhões. Dentro desse valor, US$ 2,3 bilhões referem-se à participação direta no capital (exceto lucros reinvestidos), enquanto os lucros reinvestidos representaram US$ 4 bilhões.
As operações intercompanhia, que envolvem movimentações financeiras entre matrizes e filiais de empresas estrangeiras no Brasil, somaram US$ 1,7 bilhão em ingressos líquidos durante o mês.
No acumulado de 12 meses encerrados em agosto, o IDP totalizou US$ 69 bilhões, o equivalente a 3,18% do PIB — percentual idêntico ao registrado em agosto de 2024, embora o valor absoluto fosse maior, US$ 71,2 bilhões.
Em contrapartida, os investimentos em carteira no mercado doméstico apresentaram ingressos líquidos de US$ 2,8 bilhões. Esse resultado decorre de saídas líquidas de US$ 464 milhões em ações e fundos de investimento, compensadas por ingressos líquidos de US$ 3,3 bilhões em títulos de dívida.
Reservas internacionais
As reservas internacionais do Brasil totalizaram US$ 350,8 bilhões em agosto de 2025, representando um aumento de US$ 5,7 bilhões em relação ao mês anterior, segundo informou o Banco Central.
Esse crescimento foi impulsionado, principalmente, por variações nas paridades cambiais, que contribuíram com US$ 2 bilhões para o resultado.
Outro fator relevante foi a valorização de ativos internacionais, que gerou um acréscimo de US$ 1,7 bilhão nas reservas.
Também contribuíram para o aumento os retornos de linhas com recompra, que somaram US$ 900 milhões, além das receitas de juros, responsáveis por um incremento de US$ 777 milhões no total acumulado.
Com esses resultados, o Brasil mantém um nível robusto de reservas, o que reforça sua capacidade de enfrentar choques externos e assegura maior estabilidade financeira.