A crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (21), após o anúncio de sanções do governo norte-americano que incluem a revogação do visto de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles Alexandre de Moraes. A medida foi confirmada pelo secretário de Estado americano, Marco Rubio, que acusou o STF de promover uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo aliados do ex-mandatário, as medidas adotadas até agora seriam “apenas o começo”. Entre as possíveis novas sanções ventiladas estão o aumento de tarifas de importação de produtos brasileiros de 50% para 100%, ações conjuntas com a aliança militar OTAN e até mesmo o bloqueio do uso do sistema de geolocalização por satélite GPS no Brasil.
Apesar das especulações, especialistas afirmam que bloquear o GPS apenas em um país é tecnicamente inviável. O sistema, criado e operado pelo Departamento de Defesa dos EUA, transmite sinais unidirecionais de satélites que cobrem todo o planeta. Para que o Brasil perca acesso ao GPS, seria necessário desligar satélites ou restringir seu funcionamento, o que impactaria também outros países vizinhos, algo extremamente improvável.
No entanto, há formas de interferência local no funcionamento do GPS, como o jamming, que utiliza transmissores para “sufocar” o sinal original com ondas de rádio mais fortes, e o spoofing, que engana o receptor com sinais falsos. Essas técnicas, contudo, teriam que partir do próprio território brasileiro e são consideradas sabotagem, podendo trazer consequências graves.
Um eventual bloqueio ao GPS teria efeitos catastróficos para diversos setores civis. O sistema é utilizado na aviação, navegação marítima, transporte terrestre, telecomunicações, energia, bancos e até transações financeiras, que dependem da precisão do tempo fornecido pelo sistema.
Em maio de 2024, a Rússia demonstrou o impacto dessas interferências ao bloquear sinais de GPS em regiões próximas ao seu território, afetando inclusive voos civis da Europa. Em contextos de guerra, como no conflito com a Ucrânia, Moscou tem utilizado bloqueadores e manipuladores de sinal para neutralizar mísseis e drones.
Diante de possíveis restrições, alguns países investem em sistemas próprios de navegação por satélite. A Rússia opera o GLONASS; a China, o BeiDou; a União Europeia, o Galileo; a Índia conta com o NavIC; e o Japão, com o QZSS. O Brasil, no entanto, ainda depende majoritariamente do GPS norte-americano.
A decisão de revogar vistos de ministros do STF marca um ponto crítico nas relações diplomáticas entre os países. Além de Alexandre de Moraes, outros magistrados também estariam na mira de sanções, em resposta às investigações e ações judiciais envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A imposição de sanções comerciais e medidas simbólicas, como o cancelamento de vistos diplomáticos, reforçam o clima de tensão e colocam em xeque o relacionamento entre Brasília e Washington. Enquanto isso, cresce a expectativa em relação aos próximos passos do governo brasileiro diante do cenário internacional cada vez mais instável.