O encontro entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nesta segunda-feira (29), acontece em um momento de pressão crescente dentro da direita. Para muitos aliados, Tarcísio desponta como principal opção para a sucessão presidencial de 2026, mas sua trajetória ainda depende de uma decisão fundamental: permanecer no Palácio dos Bandeirantes ou enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pelo Planalto.
Segundo aliados, o governador terá até janeiro para tomar sua decisão. A reeleição em São Paulo é considerada praticamente certa, mas a possibilidade de se lançar candidato à Presidência só avança se houver a bênção explícita de Bolsonaro. A ausência desse gesto mantém em suspenso as articulações políticas e expõe incertezas, inclusive em relação ao apoio da própria família Bolsonaro.
Parlamentares do Centrão têm intensificado visitas ao ex-presidente, que cumpre prisão domiciliar, para convencê-lo a declarar logo apoio a Tarcísio. Eles avaliam que uma eventual progressão para regime fechado tornaria mais difícil qualquer movimento de bastidor. O grupo também cobra definição em torno do chamado PL da Dosimetria, travado no Congresso e central para os condenados nos processos do 8 de Janeiro.
No cálculo político, pesa ainda o diagnóstico de que o governo Lula ganhou fôlego no último ano pré-eleitoral. Na última sexta-feira (26), o presidente da Câmara, Hugo Motta, aliado de Tarcísio, afirmou que o petista caminha para consolidar um quarto mandato.
O governador paulista, ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, tem capital político consolidado, mas só considera abandonar o cargo em março de 2026 com a certeza de que contará com o apoio total do ex-presidente. Entre essa eventual transferência de apoio e a realidade das urnas, porém, há um obstáculo interno de peso: a posição de Eduardo Bolsonaro, cujo papel na definição da sucessão ainda é uma incógnita.
Dias antes do encontro, Eduardo Bolsonaro declarou publicamente que pretende disputar a Presidência, gesto que surpreendeu até aliados próximos. O deputado, hoje nos Estados Unidos, mantém distância de mais de 7 mil quilômetros do pai, e de uma decisão do Supremo Tribunal Federal que os proíbe até mesmo de conversar.
Lideranças do Centrão avaliam que Eduardo está “fora de controle” e que sua movimentação pode travar qualquer tentativa de definição sobre o candidato ao Planalto no curto prazo. A fala do parlamentar repercutiu de imediato: o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do partido, usou as redes sociais para criticar a “falta de bom senso na direita” e pediu união, embora sem citar diretamente o filho do ex-presidente.
Diante da indefinição, Tarcísio de Freitas anunciou recentemente que concorrerá à reeleição em São Paulo. Ainda assim, aliados próximos admitem que a porta para uma candidatura presidencial segue aberta, o que aumenta a pressão por uma definição rápida sobre seu futuro político.
Enquanto isso, outros nomes da direita permanecem em posição de espera, observando a disputa sem se expor. Entre eles estão os governadores Eduardo Leite (PSD-RS), Ratinho Júnior (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União-GO).