O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou nesta sexta-feira (18/7) que o sistema brasileiro “prefere vê-lo morto a preso”, ao comentar a operação da Polícia Federal (PF) que teve como alvo sua residência e o escritório do Partido Liberal (PL), em Brasília. Em entrevista à agência Reuters, Bolsonaro afirmou que não teme a morte, mencionando episódios extremos pelos quais já passou, como saltos de paraquedas, mergulhos e o atentado a faca sofrido em 2018.
“Eu preso vou dar problemas para eles. Eu já passei pela morte mergulhando, saltando de paraquedas e na facada. Acho que ninguém quer morrer, eu não sou suicida, nem imortal. Mas sempre digo que, quando o ser humano entende que é mortal, muda seu comportamento”, disse o ex-presidente.
A declaração vem após nova ofensiva da PF, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na casa de Bolsonaro, no Jardim Botânico, e no escritório da sigla à qual ele é filiado. Foram recolhidos dinheiro em espécie, um pendrive e o celular do ex-mandatário.
Ao comentar a apreensão do dispositivo eletrônico, Bolsonaro sugeriu inicialmente que o pendrive pode ter sido “plantado” por alguém. Segundo ele, um visitante pediu para usar o banheiro e, ao retornar, teria o dispositivo em mãos. “Eu nunca abri um pendrive na minha vida. Nem tenho laptop em casa para mexer com isso”, afirmou, demonstrando surpresa. Mais tarde, no entanto, voltou atrás e disse que “não estava sugerindo nada”. “Vou perguntar para a minha mulher se o pendrive era dela”, completou.
Além das apreensões, Moraes determinou o uso de tornozeleira eletrônica por Bolsonaro, além de outras medidas cautelares: ele está proibido de acessar redes sociais, manter contato com diplomatas e embaixadores, aproximar-se de sedes de embaixadas e até mesmo se comunicar com o filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos.
O ex-presidente classificou as medidas como “suprema humilhação” e voltou a alegar perseguição política, negando envolvimento em qualquer trama para desestabilizar o processo democrático brasileiro.