O bar conhecido como Ministrão, localizado na Rua Ministro Rocha Azevedo, no bairro do Jardins, em São Paulo, foi interditado na terça-feira (30) em uma operação conjunta da Polícia Civil e da Vigilância Sanitária. O proprietário do estabelecimento, Zé Rodrigues, foi conduzido à delegacia para prestar depoimento e negou qualquer irregularidade, especialmente quanto à venda de bebidas falsificadas. “Não sei se a vodka é falsa. No meu comércio nunca entrou”, afirmou.
Durante a investigação, o Centro de Vigilância Sanitária do Estado constatou que o bar adquiriu bebidas destiladas de vendedores ambulantes, sem a devida nota fiscal. Zé Rodrigues admitiu a compra, mas alegou que os vendedores são conhecidos e confiáveis. “A gente compra diretamente desses caras que vendem na rua, mas são conhecidos. Jamais eu compraria um negócio falso”, declarou. Ele também demonstrou surpresa com os resultados dos laudos que apontaram a presença de metanol nas bebidas.
De acordo com o dono do bar, a vítima ligada à suposta intoxicação era um cliente frequente e morador da região. “A frequência aqui é tudo familiar, gente do bairro. Ele era do bairro”, disse Zé Rodrigues, visivelmente abalado com a situação.
Durante a operação de fiscalização, diversas garrafas de bebidas foram apreendidas no local. A Polícia Civil agora investiga se há conexão entre os produtos vendidos no bar e as mortes por intoxicação registradas recentemente em São Paulo.
A Secretaria Estadual da Saúde confirmou a interdição do estabelecimento à CNN. Já a Vigilância Sanitária informou que o bar poderá responder a um processo administrativo, podendo receber punições que variam de multa à interdição definitiva do local.
Cinco mortes suspeitas de intoxicação por metanol, diz Tarcísio
Em entrevista coletiva nesta terça-feira (30), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que cinco mortes suspeitas de intoxicação por bebidas adulteradas com metanol foram identificadas. Destas, uma foi confirmada e quatro seguem em investigação.
Segundo o governador, ao todo, o estado paulista acumula 22 casos — entre suspeitos e confirmados —, sendo 17 desses ainda sendo apurados.
O governador ainda destacou que o óbito confirmado aconteceu na cidade de São Paulo. Tarcísio pontuou que a primeira notificação sobre um caso suspeito de intoxicação foi registrada no último dia 1° deste mês.
Ainda na coletiva, Tarcísio descartou a participação do PCC no esquema de venda de bebidas alcoólicas falsificadas com metanol no estado.
O que é Metanol?
O metanol é uma substância líquida, inflamável e incolor. É amplamente utilizado como solvente, na fabricação de combustíveis, plásticos, tintas e medicamentos
Tem grande potencial de intoxicação, e quando consumido pode levar à morte mesmo em doses pequenas.
Bebidas com metanol: saiba como se proteger ao comprar produtos
O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo reforçou o alerta sobre os riscos de intoxicação por bebidas alcoólicas adulteradas com metanol.
Até o momento, o estado investiga casos recentes em que a substância foi identificada em destilados consumidos principalmente por jovens adultos.
Recomendação a estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) emitiu uma recomendação urgente voltada aos estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas no estado de São Paulo e em áreas próximas, diante do aumento de casos suspeitos de intoxicação.
O alerta foi direcionado a uma ampla gama de setores, incluindo bares, restaurantes, casas noturnas, hotéis, organizadores de eventos, mercados, atacarejos, distribuidoras, além de plataformas de e-commerce e aplicativos de entrega, que lidam diretamente com a venda ou distribuição desses produtos.
No comunicado, o ministério orienta que os comerciantes fiquem atentos a sinais claros de possíveis fraudes nas embalagens, como lacres tortos, erros de impressão visíveis e valores muito abaixo do padrão de mercado — características frequentemente associadas a bebidas adulteradas.
Além disso, o MJSP destaca que sintomas como visão turva, dor de cabeça intensa e náuseas após o consumo devem ser considerados sinais de alerta para possível contaminação ou falsificação da bebida.
A recomendação visa reforçar os cuidados preventivos em meio às investigações sobre mortes e internações por suspeita de ingestão de bebidas contaminadas, alertando comerciantes e consumidores sobre os riscos à saúde pública.