Nessa terça-feira (30), um bar situado na Rua Ministro Rocha Azevedo, na região dos Jardins, em São Paulo, foi interditado. A informação foi confirmada pela Secretaria Estadual da Saúde à CNN, que também informou a participação da Polícia Civil e da Vigilância Sanitária na operação.
Durante a ação, foram apreendidas diversas garrafas de bebidas destiladas no local, conhecido como Ministrão. O material recolhido será encaminhado à Polícia Científica, que ficará responsável por realizar exames para identificar possíveis indícios de adulteração ou contaminação por metanol.
De acordo com a Vigilância Sanitária, o estabelecimento poderá ser alvo de um processo administrativo. As punições previstas incluem desde o pagamento de multas até a interdição definitiva do local, dependendo dos resultados da investigação.
Paralelamente, a Polícia Civil está apurando se há ligação entre as bebidas vendidas no bar e os casos de mortes suspeitas por intoxicação registrados no estado de São Paulo nas últimas semanas.
A interdição do bar ocorre em meio a uma série de fiscalizações em estabelecimentos da capital paulista, motivadas pelo aumento de casos relacionados à ingestão de bebidas contaminadas com metanol.
O que diz o dono do bar
Após a interdição de seu bar na região dos Jardins, o proprietário José Rodrigues, que atua há 22 anos no local, negou ter comercializado bebidas falsificadas. Levado à delegacia, ele afirmou desconhecer qualquer irregularidade: “Não sei se a vodka é falsa. No meu comércio nunca entrou. Fiquei triste que o laudo saiu hoje dizendo que tinha metanol. Até a gente não tem conhecimento sobre isso”, declarou.
Em contrapartida, o diretor do Centro de Vigilância Sanitária do Estado, Manoel Bernardes, afirmou que as investigações indicam que o bar adquiriu bebidas alcoólicas de um vendedor ambulante, sem emissão de nota fiscal. Questionado, José Rodrigues confirmou a prática, mas minimizou os riscos, alegando que os vendedores “são conhecidos” e que a compra de bebidas “quentes” com esses distribuidores informais é comum.
O comerciante também comentou sobre a vítima apontada pela polícia como uma das pessoas que consumiram vodka no local. Segundo ele, o cliente era bastante conhecido na região e frequentava o bar com regularidade. “A frequência aqui é tudo familiar, gente do bairro. Jamais eu compraria um negócio falso”, assegurou José.
Apesar das falas do proprietário à imprensa e à polícia, a administração do bar publicou uma nota nas redes sociais com versão diferente. No comunicado, alega que todas as bebidas comercializadas no estabelecimento são adquiridas de fornecedores oficiais, em desacordo com o relato de José sobre compras informais.
A divergência entre o discurso do proprietário e a nota oficial do bar levanta dúvidas que deverão ser esclarecidas durante as investigações conduzidas pela Polícia Civil e pela Vigilância Sanitária.
Recomendação a estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) emitiu uma recomendação urgente voltada a estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas em São Paulo e regiões próximas. O alerta foi direcionado a uma ampla gama de negócios, incluindo bares, restaurantes, casas noturnas, hotéis, mercados, distribuidoras, aplicativos de entrega e até plataformas de e-commerce.
Entre os principais pontos da recomendação, o MJSP destaca a importância de atenção redobrada a sinais que indiquem possíveis adulterações nas embalagens, como lacres mal encaixados, erros grosseiros de impressão e preços muito abaixo do valor de mercado. O documento também alerta que sintomas como visão turva, dor de cabeça e náuseas após o consumo de bebida devem ser tratados como suspeita de intoxicação por metanol.
Diante de qualquer suspeita, os estabelecimentos devem encaminhar os consumidores para atendimento médico imediato, acionar o Disque-Intoxicação e comunicar órgãos competentes, como a Vigilância Sanitária local, Polícia Civil, PROCON e, se necessário, o Ministério da Agricultura e Pecuária. A recomendação também inclui a interrupção da venda, o isolamento e a preservação dos lotes suspeitos para análise pericial.
O metanol, substância envolvida nesses casos, é um líquido incolor, inflamável e com alto poder tóxico. Embora seja amplamente utilizado na fabricação de produtos industriais como combustíveis, plásticos e tintas, seu consumo acidental ou intencional pode ser fatal, mesmo em pequenas quantidades.
Diante do crescente número de casos, o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) da Secretaria de Saúde de São Paulo reforçou os alertas à população. Autoridades investigam destilados contaminados com metanol, consumidos especialmente por jovens adultos, o que acende um sinal de alerta sobre a necessidade de fiscalização rigorosa e cautela na compra de bebidas alcoólicas.