O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo, publicada neste domingo (28), que não se arrepende de ter votado contra o habeas corpus preventivo solicitado pelo então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018, o que abriu caminho para sua prisão na Lava Jato.
Segundo o ministro, a decisão foi tomada “com dor no coração”, apesar de sua “admiração e apreço” por Lula.
“Vamos supor que eu tivesse votado no presidente Lula, vamos supor que eu gostasse do presidente Lula. Mas eu sou um juiz. Eu devo mudar a jurisprudência porque eu quero bem ao réu? Ou meu papel é aplicar a jurisprudência? Aquele era um momento em que não havia as suspeições que vieram depois a ser levantadas sobre a Lava Jato. Portanto, apliquei, com dor no coração, a jurisprudência que eu mesmo ajudei a criar”, declarou Barroso.
Na época, vigorava no STF o entendimento de que a pena poderia começar a ser cumprida após condenação em segunda instância. Em janeiro de 2018, Lula havia sido condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) a 12 anos de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá (SP).