Em meio às tensões políticas após a derrota no Congresso com a derrubada do decreto que ampliava a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva acelerou a liberação de emendas parlamentares. Somente na última sexta-feira (7), foram pagos R$ 474 milhões em emendas individuais indicadas por deputados e senadores, o maior volume pago em um único dia neste ano de 2025.
Segundo dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), do Ministério do Planejamento e Orçamento, o total de emendas pagas até agora soma R$ 940 milhões. A liberação dos recursos ocorre em meio à crescente insatisfação de parlamentares com a demora nos pagamentos, o que tem impactado diretamente o apoio ao governo em votações no Congresso Nacional.
Na última semana de junho, o governo empenhou, ou seja, reservou recursos para pagamento futuro de R$ 2,3 bilhões em emendas parlamentares. Desse total, R$ 1,7 bilhão foi destinado à Câmara dos Deputados e R$ 648 milhões ao Senado. Apenas na sexta-feira, foram empenhados R$ 803 milhões, dos quais R$ 594 milhões para deputados e R$ 203 milhões para senadores.
Alcolumbre lidera volume de emendas
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, lidera a lista dos parlamentares que mais receberam recursos, com R$ 20,5 milhões em emendas pagas. Em seguida aparecem os senadores Eduardo Braga, com R$ 9 milhões, e Styvenson Valentim, com R$ 7 milhões.
Na sexta-feira (7), o governo federal pagou um total de 149 emendas parlamentares, todas individuais. Desse montante, R$ 343 milhões foram destinados a deputados federais e R$ 131 milhões a senadores.Além disso, Alcolumbre também foi beneficiado por um projeto de lei recente que autorizou a liberação de R$ 4,6 bilhões em emendas parlamentares, medida vista como estratégica para garantir apoio político em meio à fragilidade da base governista.
A liberação dos recursos ocorre sob intensa pressão do Congresso Nacional, que tem cobrado maior celeridade na execução das emendas, especialmente diante do atraso na aprovação do Orçamento de 2025. O clima de insatisfação entre deputados e senadores tem sido apontado como um dos fatores que contribuíram para a derrota do governo na votação do decreto do IOF.
Para este ano, o Congresso aprovou mais de R$ 50 bilhões em emendas parlamentares. A execução desses recursos tem se tornado uma ferramenta crucial para o Palácio do Planalto negociar sua agenda legislativa e garantir governabilidade.
A expectativa agora é que a liberação de recursos ajude a pacificar a relação com o Legislativo e recupere o apoio perdido em votações estratégicas. No entanto, a estratégia também levanta críticas sobre o uso político das emendas e a transparência na distribuição dos recursos.