Em julgamento realizado nesta segunda-feira (20), no Fórum do Barro Duro, em Maceió, o réu Leandro dos Santos Araújo, de 23 anos, foi condenado a 31 anos, 5 meses e 5 dias de reclusão em regime fechado. A decisão foi tomada por júri popular, que reconheceu a participação dele no assassinato de Flávia dos Santos Carneiro, de 43 anos.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, o crime ocorreu em fevereiro de 2024 e envolveu feminicídio, ocultação de cadáver e corrupção de menores. Leandro mantinha um relacionamento amoroso com a filha da vítima, uma adolescente de 13 anos na época. A sessão foi presidida pelo juiz Geraldo Amorim, titular da 9ª Vara Criminal da Capital.
As investigações da Polícia Civil de Alagoas apontaram que Flávia não aceitava o relacionamento da filha com Leandro. Durante uma discussão na casa da vítima, no bairro do Jacintinho, ele desferiu várias facadas contra a mulher, conforme confessou em depoimento. Com a ajuda da adolescente, o corpo foi colocado dentro de uma geladeira, posteriormente abandonada em uma área de mata no bairro Guaxuma.
O corpo foi encontrado em 5 de março de 2024, e Leandro estava preso preventivamente desde então.
No tribunal do júri, o Conselho de Sentença concluiu que o crime foi cometido por motivo torpe, com meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima — agravantes previstas no Código Penal. As qualificadoras de feminicídio, corrupção de menores e ocultação de cadáver foram reconhecidas.
Além de Leandro, o pai dele, Ademir da Silva Araújo, também foi denunciado por ocultação de cadáver. Já a filha de Flávia, por ser menor de idade, cumpre medida socioeducativa pelo mesmo ato, mas o caso poderá ser reclassificado após a sentença do réu principal.
A pena total de 31 anos, 5 meses e 5 dias de prisão foi definida pela soma das condenações pelos três crimes. O juiz determinou execução imediata da sentença, com o cumprimento em regime fechado desde o início. A defesa de Leandro ainda pode recorrer da decisão.
O caso
A garçonete Flávia dos Santos Carneiro foi encontrada morta dentro de uma geladeira na manhã de 5 de fevereiro de 2024. O crime teria sido motivado pela recusa da vítima em aceitar o relacionamento da filha de 13 anos com Leandro, então com 22.
Segundo a investigação do 6º Distrito Policial da Capital, Flávia discutiu com a filha e o genro ao saber que os dois pretendiam morar juntos, no bairro Benedito Bentes. Durante a briga, o casal agrediu a mulher com uma pancada na cabeça e, em seguida, Leandro a esfaqueou até a morte.
Após o crime, o casal foi dormir na casa que havia alugado. O corpo foi transportado dentro da geladeira com ajuda de um freteiro, que posteriormente relatou o caso à polícia. Ele afirmou ter sido contratado para realizar uma mudança e, no dia seguinte, levado a geladeira até o Benedito Bentes, onde o eletrodoméstico acabou sendo descartado em uma área de mata na Guaxuma.
O homem procurou a delegacia e, acompanhado da policial Daysirê Batista, levou os agentes até o local onde a geladeira foi abandonada. O corpo foi localizado, e as prisões de Leandro, da adolescente e do pai dele foram efetuadas.
Em março de 2024, a Justiça concedeu liberdade provisória a Ademir da Silva Araújo, pai do réu, por considerar que ele respondia apenas por ocultação de cadáver, crime com pena máxima inferior a quatro anos. Ele cumpre medidas cautelares enquanto aguarda o desfecho do processo.
Foto: Cada Minuto