O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator do projeto de reformulação do Imposto de Renda no Senado, estuda suprimir do texto a emenda aprovada pela Câmara que protege grandes produtores rurais. Essa alteração foi incluída por Arthur Lira (PP-AL), que representa a bancada ruralista, beneficiando produtores que declaram rendimentos da atividade rural como pessoa física.
A possível mudança causaria um impasse legislativo. Caso o Senado altere o projeto original, a proposta precisaria retornar à Câmara para nova votação — um cenário que o governo quer evitar, especialmente por temer um embate político entre as duas Casas e atrasos na tramitação.
Renan, no entanto, busca embasamento técnico e político para sustentar sua posição. Ele tem citado um artigo do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que critica isenções fiscais, como forma de justificar a retirada da benesse à elite do agronegócio.
Apesar das possíveis turbulências, senadores argumentam que não seria necessária uma nova análise da Câmara se o trecho for aprovado integralmente, apoiando-se em uma interpretação controversa do regimento interno do Congresso Nacional.
Nos bastidores, o governo trabalha para evitar esse conflito e planeja sugerir a Renan um acordo estratégico: aprovar o texto como saiu da Câmara e deixar para o presidente Lula vetar o item polêmico. A proposta é vista como essencial para a campanha presidencial de 2026, já que isenta do IR quem ganha até R$ 5 mil e promete beneficiar cerca de 16 milhões de brasileiros com “dinheiro direto na veia”.