O primeiro grande desafio do deputado Arthur Lira, após se lançar oficialmente à presidência da Câmara Federal, é resistir ao noticiário da imprensa nacional.
Os dois “heróis da resistência” mais recentes, nessa seara, são o senador Renan Calheiros e o ex-presidente (e senador) José Sarney.
Eles sobreviveram ao noticiário e conseguiram ocupar o topo do poder – a presidência do Senado, em ambos os casos -, apesar da rejeição nacional.
Diariamente, os jornais e sites publicam matérias e denúncias contra o parlamentar pepista, líder do Centrão, que já são do conhecimento da população alagoana.
É um cerco inevitável, um rito de passagem, para quem busca os holofotes da política nacional, mesmo que não seja – e é o caso – a grande liderança política local (Renan Calheiros também percorreu o mesmo caminho).
Denúncias e processos sem conclusão ou julgamento – eis a questão central – alimentam o noticiário e expõem mais as instituições envolvidas e não resolvidas do que o próprio parlamentar, acostumado com esse enfrentamento ameno.
Explico.
Arthur Lira é um parlamentar de perfil fisiológico, extremamente ativo e atuante, que construiu sua carreira com expressivas votações em redutos eleitorais mais pobres e controlados por caciques – pela dependência perpetuada.
Aliás, só JHC – Paulão menos – tem voto a contar em Maceió, no chamado formador de opinião, ao contrário de todos os demais deputados federais de Alagoas.
O líder do PP sempre priorizou encontrar nas portas de final do corredor, em Brasília, a ajuda de que precisa para manter abastecido seus aliados e comandantes dos redutos que o (re) elegem.
Para o seu eleitorado, o que dele dizem as manchetes – inclusive locais – já faz parte da paisagem política, foi naturalizado pela sequência de fatos que sempre supera a anterior.
Não, esse não é um “defeito político” local, é mais uma expressão da cultura política nacional, que se reproduz desde o Brasil profundo ao país moderno e urbano.
Lira vai apanhar um bocado, ainda, e terá de provar que tem couro grosso, se sustentando no próprio “pragmatismo” para atravessar o oceano de denúncias.
Por enquanto, a água ainda está no meio da canela.
Fonte – Blog do Ricardo Mota