O ano de 2025 foi marcado pela adoção de tarifas elevadas pelos Estados Unidos sobre produtos importados de diversos países, incluindo o Brasil. O então presidente norte-americano Donald Trump justificou a medida com argumentos políticos, especialmente em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, que à época era réu no Supremo Tribunal Federal (STF) e posteriormente condenado por tentativa de golpe.
As tarifas aplicadas chegaram a até 50% sobre alguns produtos brasileiros, como carne bovina, café, frutas, vegetais, minérios, aço e alumínio, afetando diretamente setores estratégicos da economia nacional.
Especialistas ouvidos pelo Metrópoles avaliam que o episódio deixou lições importantes sobre a condução da política comercial dos Estados Unidos. Segundo o professor Hugo Garbe, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, os impactos imediatos incluíram queda nas exportações, redução das margens de lucro e aumento da ociosidade em plantas industriais. No médio prazo, houve redirecionamento das vendas para outros mercados, queda de preços e aumento do custo de financiamento, reflexo da maior incerteza regulatória.
A economista-chefe da InvestSmart XP, Mônica Araújo, destacou que mesmo países com menor grau de abertura comercial, como o Brasil, sofreram os efeitos das tarifas elevadas. Para ela, no caso brasileiro, a justificativa da medida ultrapassou questões comerciais e teve forte viés político.
Ao longo do período, a Casa Branca também demonstrou sensibilidade à pressão interna nos Estados Unidos, ajustando tarifas em resposta ao custo de vida e à popularidade presidencial. Além disso, decisões de Trump — como a imposição de tarifas e ameaças comerciais — foram frequentemente utilizadas como instrumentos de pressão, e não como políticas permanentes.
Segundo especialistas, mesmo após alguma flexibilização, a imprevisibilidade da política comercial norte-americana manteve o cenário global de comércio sob constante tensão e vigilância.

