O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou nesta sexta-feira (23) que o país “precisa” do território da Groenlândia por razões de “segurança nacional”. Ele também criticou a Dinamarca, aliada na OTAN, por “não ter um Exército” e alegou que o governo dinamarquês “não investe nada” na região autônoma.
“Precisamos dela [Groenlândia] para proteção nacional. Precisamos da Groenlândia para proteção nacional”, insistiu Trump, quando questionado sobre a nomeação de um enviado especial para assuntos relacionados ao território controlado por Copenhague. A declaração foi feita em uma coletiva de imprensa em sua residência em Mar-a-Lago.
Desde o início do ano, os Estados Unidos manifestaram interesse em adquirir o território, o que gerou críticas tanto do governo dinamarquês quanto da administração local da Groenlândia. Em resposta à nomeação do governador da Louisiana, Jeff Landry, como enviado especial, a Dinamarca anunciou que convocará o embaixador norte-americano para esclarecimentos, classificando a decisão como “totalmente inaceitável”.
O ministro das Relações Exteriores dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, pediu aos EUA que respeitem a integridade territorial da Dinamarca. Jeff Landry, que no passado defendeu a anexação da Groenlândia, afirmou que conciliará o cargo voluntário de enviado especial com sua função de governador e tem como “missão” tornar a região parte dos Estados Unidos.
Reações internacionais
Os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, António Costa e Ursula von der Leyen, manifestaram solidariedade à Dinamarca. Em publicação na rede social X, afirmaram que “a integridade territorial e a soberania são princípios fundamentais do Direito internacional”.
Contexto da Groenlândia
O território ártico, com 57 mil habitantes distribuídos em 2,1 milhões de quilômetros quadrados (80% cobertos por gelo permanente), depende economicamente da pesca e de auxílio financeiro da Dinamarca, que cobre quase metade de seu orçamento.
Desde 2010, a Groenlândia possui um estatuto de autonomia ampliada que reconhece seu direito à autodeterminação. Pesquisas recentes indicam que, embora a maioria dos habitantes apoie maior independência, rejeita a anexação pelos Estados Unidos se isso significar uma redução no padrão de vida.
A Dinamarca tem aumentado investimentos militares e econômicos na região no último ano. Atualmente, um governo de coalizão formado por grupos políticos moderados pró-independência administra o território.

