O mercado financeiro brasileiro operou com forte volatilidade nesta sexta-feira (5/12), influenciado tanto por indicadores econômicos internacionais quanto pelo cenário político-eleitoral no país. Após renovar recordes pela manhã, o Ibovespa inverteu o sinal e passou a cair de forma acentuada, enquanto o dólar avançou com força diante do real.
Dólar em forte alta
No fim da tarde, às 15h40, o dólar subia 2,69%, sendo negociado a R$ 5,455. Mais cedo, às 14h49, a moeda já avançava 1,9%, cotada a R$ 5,421.
Ao longo do dia, o dólar atingiu máxima de R$ 5,454 e mínima de R$ 5,30.
Na véspera, a divisa americana havia encerrado praticamente estável, em baixa de 0,04%, a R$ 5,31. Apesar da forte alta nesta sexta, o dólar ainda acumula queda de 0,46% em dezembro e de 14,07% no acumulado de 2025.
Ibovespa vira e desaba após novo recorde
Depois de bater mais uma máxima histórica — 165.035,97 pontos — o Ibovespa passou a operar em queda expressiva. Às 15h42, o índice recuava 3,34%, aos 158,9 mil pontos.
Na quinta-feira (4/12), o principal indicador da B3 havia subido 1,67% e fechado aos 164,4 mil pontos, registrando seu terceiro recorde consecutivo. Mesmo com a virada desta sexta, o Ibovespa acumula alta de 3,39% no mês e de 36,73% em 2025.
EUA: mercado atento ao PCE e à política monetária
No exterior, investidores acompanham a divulgação do Índice de Preços de Gastos com Consumo (PCE), referência utilizada pelo Federal Reserve para calibrar a política monetária norte-americana.
Os números de setembro vieram dentro do esperado:
- PCE mensal: 0,3%
- PCE anual: 2,8%
- Núcleo do PCE: 0,2% no mês e 2,8% no ano
Com a inflação sob controle, a expectativa do mercado é de que o Fed realize mais um corte de 0,25 ponto percentual nos juros em 2025. Segundo o monitor FedWatch, há 87,2% de chance de nova redução e 12,8% de manutenção da taxa atual, hoje entre 3,75% e 4% ao ano.
A decisão será anunciada na próxima reunião do Fed, marcada para os dias 9 e 10 de dezembro.
Cenário político pesa: Flávio Bolsonaro cotado para 2026
No Brasil, o ambiente político também mexeu com os mercados. De acordo com o colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles, o ex-presidente Jair Bolsonaro informou a aliados que o senador Flávio Bolsonaro será seu candidato à Presidência em 2026. Esta é a primeira indicação pública de Bolsonaro sobre sua preferência, feita enquanto ele cumpre prisão na carceragem da Polícia Federal em Brasília.
A decisão teria sido tomada por considerar que Flávio tem perfil moderado e capacidade de unir o partido, além do apoio de governadores aliados, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Cláudio Castro (PL-RJ). A expectativa é que o senador intensifique viagens e assuma um papel mais ativo nas críticas ao governo Lula.
A movimentação foi recebida com cautela pelo mercado financeiro, que hoje vê Tarcísio como o nome mais alinhado aos interesses econômicos.
Com Flávio no páreo, a tendência é que Michelle Bolsonaro dispute o Senado pelo Distrito Federal, enquanto o vice na chapa presidencial deve ser indicado por um partido de centro.
Congresso aprova LDO com exigência de pagamento de emendas
Também no cenário doméstico, o Congresso aprovou na quinta-feira (4/12) a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026. O texto determina que o governo pague 65% das emendas impositivas até julho do ano eleitoral, o que representa cerca de R$ 13 bilhões.
A medida vale para emendas individuais, de bancada e Pix — mas não alcança as de comissão.
O cronograma foi um dos principais impasses entre o Executivo e o Legislativo e atrasou a votação em quase cinco meses.
O relatório do deputado Gervásio Maia (PSB-PB) foi aprovado na Comissão Mista de Orçamento antes de seguir para o plenário e estabelece regras para orientar os gastos do governo federal em 2026.

