A morte de Gerson de Melo Machado, conhecido como “Vaqueirinho”, no domingo (30), após entrar no espaço reservado aos leões em um zoológico paraibano e ser fatalmente atacado por uma leoa, trouxe novamente à tona debates sobre abandono afetivo, vulnerabilidade emocional e falhas nas políticas públicas de amparo social.
A comoção se ampliou quando uma conselheira tutelar que acompanhou Gerson desde a infância divulgou um longo depoimento nas redes sociais. Sua mensagem, com forte teor emocional e reflexivo, viralizou rapidamente e despertou milhares de reações.
“Gerson, meu menino sem juízo… Quantas vezes, na sala do Conselho Tutelar, você dizia que ia pegar um avião para ir a um safári na África cuidar de leões. Você ainda tentou. E eu agradeci a Deus quando o aeroporto me avisou que você tinha cortado a cerca e entrado no trem de pouso de um avião da Gol. Graças a Deus, observaram pelas câmeras antes que uma tragédia acontecesse”, escreveu.
O relato também revisita o início do vínculo institucional entre ambos:
“Foram oito anos acompanhando você, lutando, brigando para garantir seus direitos. Quando entrou na minha sala pela primeira vez, tinha apenas 10 anos. Eu e a conselheira Patrícia Falcão recebemos você das mãos da Polícia Rodoviária Federal (PRF), encontrado sozinho na BR. Desde então, toda a rede de proteção me procurava sempre que algo acontecia com você”, relatou.
A conselheira, no texto, ainda questiona o julgamento social formado em torno do jovem:
“Eu nunca consegui ver você como as redes sociais te pintavam. Eu conheci a criança destituída do poder familiar da mãe, impedido de ser adotado como os outros quatro irmãos. Você só queria voltar a ser filho da sua mãe, que é esquizofrênica e não tinha condições de cuidado. Sua avó, também com transtornos mentais. Mas a sociedade, sem conhecer sua história, preferiu te jogar na jaula dos leões.”
Após a publicação, inúmeros internautas deixaram mensagens de condolências e reflexão, demonstrando empatia e crítica ao sistema. “Situação muito triste! Ele só estava querendo por um fim no sofrimento dele”, comentou um deles. Outro afirmou: “Que ele tenha a paz que não teve em vida.” Já um terceiro desabafou: “Apenas mais uma prova do quanto nosso estado é ineficiente quando se precisa dele.”

