No segundo turno da eleição presidencial chilena, marcado para 14 de dezembro, a disputa ficará entre a candidata comunista Jeannette Jara e o conservador José Antonio Kast. Mais de 15,7 milhões de eleitores foram convocados às urnas nesse domingo (16) para decidir quem governará o país entre 2026 e 2030.
Além da Presidência, parte do Congresso também foi renovada, com a eleição de deputados e senadores. A segurança pública foi um tema central da campanha, motivado pelo aumento da taxa de homicídios no país, que quase triplicou entre 2015 e 2024, fenômeno frequentemente associado à chegada de migrantes venezuelanos.
O candidato vencedor assumirá o comando do Chile em 11 de março de 2026, dando início ao mandato de quatro anos que definirá as políticas do país até 2030.
Jara lidera, mas enfrenta desafios
Jeannette Jara, de 51 anos, ex-ministra do Trabalho de Gabriel Boric e candidata pelo Partido Comunista do Chile, lidera as pesquisas eleitorais. Representante da coalizão governista, ela é a primeira comunista a disputar a Presidência desde a redemocratização e, com cerca de 27% dos votos apurados, ocupa a primeira posição.
No entanto, a campanha de Jara enfrenta desafios internos. Ela lida com divergências em relação ao governo de Gabriel Boric e tensões dentro de seu próprio partido, o que pode complicar a consolidação de sua base eleitoral.
Para ampliar o apoio, a candidata adotou uma postura de distanciamento do Palácio de La Moneda. Jara também sinalizou que, se vencer, poderá suspender ou até renunciar à filiação ao Partido Comunista, afirmando que sua intenção é “governar os cidadãos e não um partido”.
Kast cresce com discurso sobre crime e imigração
José Antonio Kast, líder da direita chilena e fundador do Partido Republicano, também aparece com cerca de 27% dos votos e avança ao segundo turno pela segunda vez, após ter sido derrotado por Gabriel Boric em 2021.
Durante esta campanha, Kast buscou adotar um tom mais moderado, mas manteve propostas rígidas em áreas como segurança pública e imigração.
Entre suas principais ideias está obrigar migrantes irregulares a contribuir para cobrir os custos de retorno aos seus países, medida criticada por rivais e especialistas pela inviabilidade prática, especialmente no caso de venezuelanos.
O candidato também defende cortes de 6 bilhões de dólares em gastos públicos, plano questionado por economistas e pelo próprio presidente Boric, devido ao potencial impacto negativo em programas sociais.

