O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou nesta quinta-feira (13/10) que a decisão da Ucrânia de interromper as negociações com Moscou confirma “oficialmente” a falta de interesse do governo de Volodymyr Zelensky em buscar uma solução pacífica para o conflito, que já entra no terceiro ano.
A reação veio após o jornal britânico The Times divulgar entrevista com o vice-ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Sergey Kislitsa. Segundo a publicação, o diplomata afirmou que não houve “progresso significativo” nas conversas com a Rússia em 2024 e que Kiev decidiu “se retirar” dos contatos voltados a uma possível saída diplomática para a guerra.
Peskov reiterou que a Rússia permanece disposta a negociar, mas advertiu que a Ucrânia “terá que dialogar mais cedo ou mais tarde”, afirmando ainda que a posição ucraniana “se deteriora dia após dia”. Ele reforçou que Moscou continuará sua ofensiva “para garantir a segurança das futuras gerações”.
A suspensão das tratativas não é inesperada. Em setembro, o porta-voz já havia indicado que o processo de negociação estava “em pausa”, o que reduziu as expectativas de avanço após meses de tentativas de restabelecer o diálogo direto entre os dois países.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, também criticou a posição de Kiev, dizendo que as declarações recentes evidenciam a “relutância ucraniana em buscar a paz”. No mesmo sentido, o chanceler Sergey Lavrov afirmou, em declarações anteriores, que Moscou mantém a resolução pacífica da crise como prioridade.
Enquanto o impasse diplomático persiste, combates intensos seguem na região de Pokrovsk, no leste da Ucrânia. Tropas russas tentam consolidar o controle sobre a cidade, enquanto o governo ucraniano sustenta que as condições impostas pelo Kremlin “são inaceitáveis e equivalem a uma rendição”.

