Entre janeiro e outubro deste ano, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) causou 64.471 mortes no Brasil — uma a cada seis minutos, segundo o Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil. Diante da gravidade do cenário, a Boehringer Ingelheim promoveu, em outubro, em Brasília (DF), uma edição especial do projeto “Pautadas por Elas”, dedicada ao tema.
O encontro, realizado no Dia Mundial do AVC (29 de outubro), reuniu médicos, gestores de saúde e representantes de associações de pacientes para discutir acesso ao diagnóstico, tratamento e reabilitação.
Diagnóstico rápido e tratamento adequado salvam vidas
A neurologista Sheila Martins, presidente da Rede Brasil AVC, destacou que existem dois tipos principais da doença — o isquêmico, causado por obstrução de artéria, e o hemorrágico, provocado por ruptura de vaso sanguíneo. Segundo ela, reconhecer os sinais e agir rapidamente é essencial:
“Qualquer sinal neurológico súbito deve ser considerado AVC até que se prove o contrário. É fundamental acionar o SAMU (192) imediatamente e levar o paciente a um hospital preparado. Cada minuto sem tratamento significa a perda de 2 milhões de neurônios.”
Os sintomas incluem fraqueza em um dos lados do corpo, dificuldade para falar, alterações visuais, dor de cabeça súbita e perda de equilíbrio.
A história de Sandra Issida Gonçalves, presidente da Associação Mineira do AVC, reforça a importância da agilidade no atendimento. O marido dela sofreu um derrame aos 44 anos e enfrentou sequelas graves devido ao diagnóstico tardio. “A informação salva vidas. Saber reconhecer os sinais e buscar atendimento imediato faz toda a diferença”, afirmou.
Avanços e limitações no tratamento
A tomografia de crânio é o exame que confirma o diagnóstico e define o tipo de AVC. No caso do isquêmico, o uso do trombolítico — medicamento que dissolve o coágulo — pode reduzir sequelas em até 30%, desde que aplicado nas primeiras 4h30 após o início dos sintomas. O Brasil possui mais de 300 hospitais aptos a realizar o procedimento, 126 deles financiados pelo Ministério da Saúde.
Para casos mais complexos, há a trombectomia mecânica, feita por cateterismo cerebral. No entanto, apenas 18 hospitais públicos estão habilitados para esse tratamento.
Prevenção, reabilitação e integração do cuidado
Durante o evento, especialistas defenderam uma rede de atenção mais integrada, que conecte prevenção, urgência e reabilitação. “O paciente não pode sair do hospital sem saber onde fará fisioterapia e fonoaudiologia. O tempo também conta na reabilitação”, afirmou Sheila Martins.
Dados da Sociedade Brasileira de AVC mostram que 70% dos sobreviventes não conseguem voltar ao trabalho e metade deles torna-se dependente para tarefas básicas.
Educação e conscientização
A Boehringer Ingelheim também apresentou iniciativas voltadas à conscientização. O Programa Angels, ativo desde 2017, já capacitou 624 hospitais em todo o país, beneficiando 750 mil pacientes. Já o Fast Heroes, voltado para crianças de 5 a 10 anos, ensina a identificar sinais do AVC e acionar o SAMU. Desde 2019, mais de 90 mil alunos de 980 escolas participaram da iniciativa.
Prevenção é o melhor tratamento
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 90% dos casos de AVC poderiam ser evitados com o controle da pressão arterial, diabetes, colesterol e hábitos como o tabagismo e o sedentarismo.
Encerrando as atividades do mês, o Congresso Nacional recebeu uma cerimônia que marcou o lançamento da Política Nacional de AVC (PL 5477) e da subcomissão especial sobre o tema. O prédio também foi iluminado com projeções que alertavam a população sobre os sinais da doença.
“Cada minuto conta, cada ação conta e cada pessoa conta”, reforçou Sheila Martins.













