O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está avaliando a possibilidade de prestar apoio às famílias dos 117 suspeitos mortos durante a megaoperação policial conduzida pela gestão de Cláudio Castro, no Rio de Janeiro. A ação, que gerou ampla repercussão nacional, reacendeu debates sobre a política de segurança pública e os limites da atuação policial em áreas de conflito.
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, tem defendido publicamente que a União ofereça assistência formal aos familiares das vítimas, sob a justificativa de garantir apoio humanitário e psicológico diante da tragédia. No entanto, dentro do Palácio do Planalto, a proposta é tratada com cautela e dividiu opiniões entre ministros e assessores presidenciais.
Entre os principais receios está a possibilidade de que a medida gere desgaste político e leve parte da opinião pública a associar o governo federal ao crime organizado ou ao tráfico de drogas. Essa preocupação tem pesado nas discussões internas e pode influenciar a decisão final de Lula.
Diante desse impasse, a tendência mais provável, por enquanto, é de que o governo federal não ofereça ajuda direta às famílias. A avaliação predominante é de que a responsabilidade pela assistência cabe ao governo do estado do Rio de Janeiro, que coordenou a operação nas comunidades atingidas.
Visita ao Rio
Na manhã da última quinta-feira (30), a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, esteve no Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, para ouvir relatos de moradores e acompanhar de perto os impactos deixados pela megaoperação policial realizada na região. A visita teve como foco compreender as consequências sociais da ação e dialogar com as famílias afetadas.
Durante a agenda, Macaé classificou a operação como “um fracasso”, destacando que a intervenção resultou em perdas irreparáveis e não apresentou soluções efetivas para o problema da violência. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também participou da visita, reforçando o compromisso do governo federal em apurar os fatos e promover ações que priorizem a vida e os direitos humanos.
A posição oficial do governo
A reportagem do Metrópoles foi publicada com base em informações fornecidas por servidores do Ministério dos Direitos Humanos que trabalham diretamente com a ministra Macaé Evaristo. Após a divulgação da matéria, a assessoria de imprensa da pasta divulgou uma nota oficial negando que exista qualquer intenção de oferecer assistência às famílias das vítimas da operação.
Segue, abaixo, a nota:
“O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) esclarece que não procede a informação. A visita da ministra Macaé Evaristo ao estado teve como principal objetivo a articulação para retomada imediata dos serviços públicos de educação, saúde e assistência social nas áreas impactadas.
Informamos ainda que o MDHC abriu um canal específico no Disque 100 para receber relatos das comunidades impactadas pelas operações.”













