A megaoperação conjunta das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV), realizada na última terça-feira (28), deixou 121 mortos — 117 classificados como criminosos e quatro agentes de segurança — e se tornou a ação mais letal já registrada na história da segurança pública fluminense. O confronto, que durou quase 18 horas, mobilizou cerca de 2,5 mil policiais e teve como objetivo atingir o núcleo de comando da facção reunido nos complexos da Penha e do Alemão, responsável por planejar ataques e punir rivais.
Entre os mortos, estavam líderes do CV vindos de outros estados, evidenciando a presença de chefes regionais no Rio de Janeiro. A Polícia Civil identificou criminosos como Rodinha (Goiás), Mazola (Bahia), Gringo (Amazonas) e Fernando Henrique (Goiás), todos com posição de comando em suas respectivas regiões e considerados foragidos. Eles teriam vindo ao Rio em busca de refúgio e de ascensão dentro da hierarquia da facção.
“A operação comprovou o que alertamos há anos: o Rio virou QG nacional do Comando Vermelho. Marginais de outros estados vêm para cá receber treinamento e voltar para suas cidades levando tática de guerrilha.”, afirmou o delegado Felipe Curi.
Até este domingo (02/11), 115 pessoas haviam sido identificadas. Um relatório da Polícia Civil mostra que 78 delas possuíam histórico criminal relevante, com passagens por homicídio, tráfico e porte de armas de guerra; 42 tinham mandados de prisão em aberto; e 40 eram de outros estados, enviados ao Rio como reforço para o Comando Vermelho. A maioria integrava grupos especializados em confrontos armados e alguns ocupavam posições de liderança em facções regionais, incluindo os chefes de outros estados já mencionados.
A lista de mortos também inclui adolescentes nascidos em 2006 e 2007, com histórico recente de atos infracionais relacionados ao tráfico. Segundo a polícia, o recrutamento precoce em comunidades dominadas pela facção segue sendo um dos principais fatores de fortalecimento do grupo criminoso.
O principal alvo da operação, Edgard Alves de Andrade, conhecido como Doca, apontado como líder máximo do CV no Rio, não foi localizado. Ele é acusado de ordenar execuções brutais, como as mortes de adolescentes em Belford Roxo.
“A hora dele vai chegar. Os moradores não suportam mais viver sob a mira desse sujeito.”, afirmou Curi.
A Polícia Civil prepara um dossiê completo sobre os mortos, com análise das conexões interestaduais do CV. Hoje, a facção é considerada o grupo criminoso mais disseminado do país, com presença em 25 estados e no Distrito Federal.













