Autoafirmação e aprimoramento na metodologia do levantamento contribuíram para o crescimento, segundo o IBGE
O Brasil registrou um aumento significativo na diversidade de povos e línguas indígenas nos últimos dez anos. De acordo com dados do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país passou de 305 para 391 etnias e de 274 para 295 línguas indígenas.
Do total de 1,7 milhão de pessoas indígenas contabilizadas, 1,2 milhão declararam sua etnia. Para o IBGE, uma etnia indígena é definida por afinidades linguísticas, culturais e sociais.
Segundo o instituto, o crescimento está relacionado tanto a mudanças na metodologia de coleta e análise de dados quanto a um fortalecimento do sentimento de identidade e autoafirmação entre os povos indígenas.
“Identificamos 75 novos etnônimos — nomes pelos quais as próprias comunidades se reconhecem — e realizamos desagrupamentos de etnias que antes eram consideradas juntas”, explicou Marta Antunes, gerente de Povos e Comunidades Tradicionais e Grupos Populacionais Específicos do IBGE.
Povos mais numerosos do país
Os dez maiores povos indígenas do Brasil, segundo o levantamento, são:
- Tikúna – 74.061
- Kokama – 64.327
- Makuxí – 53.446
- Guarani Kaiowá – 50.034
- Kaingang – 45.840
- Terena – 44.667
- Pataxó – 39.276
- Guajajara – 38.244
- Potiguara – 37.292
- Múra – 36.347
Antunes destacou também o papel das etnias transfronteiriças, que mantêm laços e mobilidade entre países vizinhos, como Colômbia e Venezuela. Por esse motivo, o IBGE deixou de usar o termo “etnias de outros países” e passou a registrar separadamente cada grupo que apresentou mais de 20 pessoas no levantamento, o que resultou em oito novas classificações.
Diversidade cresce em quase todos os estados
O estudo aponta um aumento da diversidade étnica em praticamente todas as unidades federativas, com exceção do Amapá, que passou de cinco etnias registradas em 2010 para três em 2022.
Os estados com maior número de etnias declaradas são:
- São Paulo: 271
- Amazonas: 259
- Bahia: 233
- Pará: 222
- Goiás: 211
- Minas Gerais: 208
- Rio de Janeiro: 207
- Mato Grosso: 195
- Rondônia: 180
- Distrito Federal: 167
Nas capitais, as maiores concentrações étnicas estão em São Paulo (194 etnias), Manaus (186), Rio de Janeiro (176), Brasília (167) e Salvador (142). Fora dos grandes centros, Campinas (SP), Santarém (PA) e Iranduba (AM) se destacam, reunindo 96, 87 e 77 etnias, respectivamente.
Novas línguas identificadas
O Censo 2022 também registrou 21 línguas indígenas pela primeira vez, além de outras que surgiram após a desagregação de idiomas antes agrupados. Entre elas estão Akroá Gamela, Creole do Amapá, Kumaruara, Língua de Sinais Terena, Maytapu, Wayuu e Ypy.
O IBGE destaca que o reconhecimento dessas novas línguas reforça a riqueza e a vitalidade das culturas indígenas brasileiras, além de evidenciar a importância de políticas públicas voltadas à preservação linguística e cultural desses povos.













