Faleceu na última segunda-feira (20), em Boa Viagem, no interior do Ceará, o agricultor Manoel Angelim Dino, aos 106 anos e 95 dias. Ele era casado há quase 85 anos com Maria de Sousa Dino, de 102 anos, união que foi reconhecida em fevereiro deste ano pelo Guinness World Records como o casamento mais duradouro do mundo na atualidade.
O casal se casou em 20 de novembro de 1940, em uma pequena capela de Boa Viagem, cidade situada a cerca de 200 quilômetros de Fortaleza. Juntos, construíram uma vida marcada por amor, simplicidade e companheirismo. Tiveram 13 filhos, 55 netos, 66 bisnetos e 14 tataranetos.
A morte de Manoel foi lamentada pelo LongeviQuest, grupo internacional de pesquisadores especializado no estudo de supercentenários. “Enviamos nossas condolências à família e aos amigos de Manoel Angelim Dino neste momento difícil”, afirmou a organização em nota. O enterro ocorreu na tarde desta terça-feira (21), no município onde ele vivia com a esposa, sob os cuidados de familiares.
Uma história de amor que atravessou gerações
Manoel e Maria se conheceram pela primeira vez em 1936, quando ambos trabalhavam na agricultura. O primeiro encontro foi breve, mas o destino os aproximou novamente três anos depois. Em 1939, o reencontro despertou o amor que resultaria na união mais duradoura do planeta.
A mãe de dona Maria não aprovou o relacionamento no início, e o pai impôs uma condição: só permitiria o casamento se Manoel construísse uma casa para o casal em até um ano. O jovem agricultor cumpriu o desafio, e, em novembro de 1940, os dois trocaram alianças, dando início a uma trajetória de quase oito décadas e meia de companheirismo.
Durante a vida, trabalharam lado a lado na lavoura, produzindo fumo de rolo, e conseguiram criar os filhos com esforço e dignidade. “Eles venceram com muito sacrifício, mas sem passar grandes necessidades. Me sinto honrada por ser descendente deles e por ter convivido com tanto amor e sabedoria”, relatou a neta Valéria Angelim, uma das responsáveis pelos cuidados do casal.
Valéria foi criada pelos avós após a morte da mãe, filha de dona Maria. “Ela já tinha quase 60 anos quando enfrentou o luto e decidiu me criar. Sempre foi um exemplo de força e carinho”, contou.
Reconhecimento e legado
O reconhecimento do Guinness World Records, em 2025, foi recebido com alegria por Manoel e Maria. Mesmo com a idade avançada, o casal mantinha boa saúde. Manoel, então com 105 anos, já apresentava dificuldade para andar, mas não fazia uso de medicamentos. Dona Maria, por sua vez, se recuperava de uma fratura no fêmur e tomava remédios apenas para controlar a pressão.
A família planejava celebrar, em novembro deste ano, as bodas de girassol, que marcam 85 anos de casamento. “Queríamos fazer uma comemoração íntima, para não cansá-los muito. Eles são um exemplo raro de amor, paciência e compromisso com os votos feitos no altar”, afirmou Valéria.
Mesmo com a partida de Manoel, o legado do casal permanece como símbolo de longevidade, união e amor inabalável — uma história simples, mas extraordinária, que inspirou gerações no sertão cearense e além.