Presidente reforça defesa do multilateralismo e destaca importância da parceria com a China.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (9) acreditar que o “problema com os Estados Unidos vai ser resolvido”, em referência às tarifas impostas pelo governo norte-americano a produtos brasileiros. A declaração foi feita durante o lançamento da fábrica da montadora chinesa BYD, na Bahia.
Segundo Lula, a expectativa é de que as negociações avancem após conversa telefônica que manteve com o presidente Donald Trump, na última segunda-feira (6). “Graças a Deus, aquilo que parecia impossível aconteceu. Tive uma conversa com Trump e acho que o problema com os Estados Unidos será resolvido. Queremos estar bem com a China, com os Estados Unidos, com a Argentina, com o Uruguai. Não queremos estar mal com nenhum país”, afirmou.
O presidente ressaltou que o Brasil busca estabelecer uma relação equilibrada com a comunidade internacional. “Estamos tentando apresentar ao mundo um projeto de nação. Não temos preferência por países. Defendemos o multilateralismo e não concordamos com as taxações impostas pelos Estados Unidos com base em informações incorretas”, disse.
Durante o diálogo entre os presidentes, Trump designou o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, para dar continuidade às tratativas sobre o chamado tarifaço. Segundo Lula, Rubio já entrou em contato com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e há expectativa de avanço nas conversas.
“A pessoa que ele indicou, o Marco Rubio, ligou para o ministro Mauro Vieira. Talvez comece a ter conversa a partir de agora e vamos ver se conseguimos nos acertar, porque o Brasil não quer briga com os Estados Unidos, com o Uruguai ou com a Bolívia. O Brasil quer paz e amor. Quer crescer, se desenvolver. Não temos contencioso com nenhum país do mundo”, declarou o presidente em entrevista à Rádio Piatã.
O Itamaraty confirmou, em nota, que o telefonema entre Rubio e Vieira foi realizado nesta quinta-feira (9).
Relação com a China
Durante o evento, Lula também destacou a importância da parceria com a China e defendeu a diversificação da pauta exportadora brasileira. “A gente não quer parar de exportar commodities, mas quer exportar inteligência, conhecimento e valor agregado. Por isso vamos continuar fortalecendo nossa relação com a China”, afirmou.
O presidente elogiou sua relação com o líder chinês, Xi Jinping, e enviou um recado indireto aos Estados Unidos. “Eu me considero amigo do Xi Jinping, e ele se considera amigo do Brasil. Somos dois países importantes do Sul Global e não aceitamos que ninguém meta o dedo no nosso nariz. Queremos ser respeitados e tratados com decência”, concluiu.