A disputa política entre o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ganhou um novo capítulo com a tramitação da reforma do Imposto de Renda no Senado. O projeto, já aprovado pela Câmara, terá Renan como relator, conforme anunciado na terça-feira (7) pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Assumindo a relatoria, Renan não perdeu tempo e lançou críticas ao texto aprovado pelos deputados. Segundo ele, o projeto foi usado na Câmara como ferramenta de “chantagem e pressão” contra o governo e o próprio Legislativo. Ele afirmou que o Senado não se furtará de exercer seu papel, fazendo os ajustes necessários para garantir uma tramitação eficaz — e, se possível, sem devolução à Câmara.
Uma das estratégias para evitar o retorno do projeto à Casa vizinha será promover mudanças de redação e a supressão de trechos específicos. Entre as possíveis alterações está a exclusão do artigo que exige que o governo apresente uma proposta de reajuste anual da tabela do Imposto de Renda em 2026. Renan destacou que o regimento permite essas alterações sem necessidade de reenvio à Câmara.
Com isso, o Senado busca imprimir uma tramitação rápida, mas sem abrir mão de sua autonomia. “As supressões que o Senado entender necessárias não ensejarão o retorno da matéria”, garantiu o emedebista. A intenção é evitar novo desgaste entre as Casas Legislativas e acelerar o processo de reforma.
Esse novo embate entre Renan e Lira também revive tensões anteriores, como no caso da PEC da Blindagem. Naquela ocasião, deputados acusaram o Senado de descumprir um acordo político, após a proposta ser derrubada por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), diante da reação negativa da sociedade.