O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou nesse domingo, 5, que a extrema-direita brasileira enfrenta um momento de caos e fragmentação, marcado pela ausência de um projeto nacional e pela disputa entre possíveis sucessores do ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração foi feita nas redes sociais, em comentário sobre o embate público entre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o senador Ciro Nogueira.
Conforme Filho, a “ofensiva resposta de Caiado a Ciro Nogueira mostra a divisão da direita bolsonarista”. Para o ministro, nomes como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ratinho Júnior e o próprio Caiado disputam espaço dentro de um campo político “sem rumo”. “Parece um grupo abatido por uma mesma síndrome: a Bolsonaro-dependência”, escreveu.
O alagoano ainda avaliou que o fortalecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem aumentado a tensão no campo conservador. Ele citou medidas como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a defesa da justiça tributária, o apoio ao acordo de paz em Gaza e até os elogios de Donald Trump como fatores que reforçaram a imagem de Lula no exterior e no país.
“O crescimento de Lula aumentou a ansiedade e a agonia desse campo”, disse o ministro. Para ele, a direita está “desorientada diante de um governo que volta a pautar o debate nacional. O ministro afirmou que a direita enfrenta uma “encruzilhada”.
Segundo ele, se líderes como Caiado, Zema, Tarcísio ou Ratinho tentarem se apresentar como alternativas a Bolsonaro, enfrentarão resistência dentro do próprio eleitorado conservador. “Fora da órbita bolsonarista, perdem a base radical; dentro dela, não têm espaço para crescer”, afirmou.
Para o ministro, trata-se de uma “armadilha perfeita”, na qual o campo conservador estaria “aprisionado pelo próprio líder, incapaz de se reinventar e falar ao Brasil real”. Renan Filho ainda resgatou um episódio histórico ao relembrar a eleição presidencial de 1989, quando Ronaldo Caiado concorreu ao Planalto e teve desempenho inexpressivo diante de nomes como Lula, Fernando Collor, Ulysses Guimarães e Mário Covas.
“Caiado pode, inclusive, repetir — ou até piorar — o desempenho que teve naquela disputa”, afirmou. O ministro concluiu sua análise com uma reflexão sobre o aprendizado político:
“O tempo passa, mas a política ensina: quem não evolui, velho ou novo, repete os mesmos erros.”
Confira a postagem na íntegra
A armadilha da Bolsonaro-dependência
A ofensiva resposta de Caiado a Ciro Nogueira mostra a divisão da direita bolsonarista. Os projetos pessoais dos que se imaginam sucessores do presidente Lula — Tarcísio, Zema, Ratinho, Caiado — se chocam e revelam o óbvio: nenhum deles tem projeto nacional.
Parece um grupo abatido por uma mesma síndrome: a Bolsonaro-dependência.Com o crescimento de Lula — após a defesa da Justiça Tributária, a reafirmação da soberania nacional, os elogios de Trump, o apoio ao acordo de paz em Gaza e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil — a ansiedade e a agonia desse campo aumentaram.Caiado chegou ao ponto de afirmar que Ciro está derrotado no Piauí, chamando-o de “quase ex-senador”.
O tom revela tudo: raiva, virulência e uma divisão profunda na direita bolsonarista.O fato é que, se Caiado, Zema, Tarcísio ou Ratinho tentarem se apresentar como alternativas ao candidato de Bolsonaro, terão extrema dificuldade em se posicionar numa eleição nacional.Fora da órbita bolsonarista, perdem a base radical; dentro dela, não têm espaço para crescer.
É a armadilha perfeita: uma direita aprisionada pelo seu próprio líder, incapaz de se reinventar e de falar ao Brasil real.Caiado pode, inclusive, repetir — ou até piorar — o desempenho que teve na eleição presidencial de 1989, quando enfrentou Lula, Collor, Maluf, Ulysses, Covas, Afif e outros, e terminou sem expressão nacional.Aliás, vale rever uma das grandes invertidas que Lula deu em Caiado naquela primeira eleição direta pós-ditadura — um momento que continua atual.O tempo passa, mas a política ensina: quem não evolui, velho ou novo, repete os mesmos erros.
Fonte: Jornal Extra de Alagoas