O consumo de bebidas destiladas no Brasil entrou em alerta máximo após o registro de uma morte suspeita por intoxicação por metanol na Bahia, confirmada nessa sexta-feira (3). O caso ocorreu em Feira de Santana e vitimou um motorista de 56 anos. A suspeita será confirmada após análise laboratorial.
O cenário é agravado por um estudo da Euromonitor International, realizado em 2024 para a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), que aponta que uma em cada cinco garrafas de uísque ou vodca vendidas no país é falsificada. Além disso, 28% de todo o volume de destilados comercializados envolve práticas criminosas, como contrabando, produção sem registro e adulteração.
Os métodos mais comuns de falsificação incluem o uso de garrafas originais reabastecidas com produtos de baixo custo e a substituição por álcool impróprio para consumo, como o metanol. A substância, altamente tóxica, pode causar náuseas, vômitos, dores abdominais, perda da visão e até a morte. “Na condição de ministro e como médico, a recomendação é que se evite ingerir produto destilado, sobretudo os incolores, que você não tenha absoluta certeza da origem”, alertou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacando que a recomendação não se aplica à cerveja, de adulteração mais difícil.
Até agora, foram registrados 53 casos suspeitos em São Paulo, 6 em Pernambuco, 1 no Distrito Federal, 1 no Paraná e a primeira morte na Bahia. O Procon-SP informou que já intensifica fiscalizações em bares, supermercados e casas noturnas em parceria com a Polícia Civil. Nesta sexta-feira, a Polícia Federal recolheu amostras em indústrias de três estados para análise.
A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) levantou a hipótese de que parte do metanol usado para adulterar bebidas possa ter origem em distribuidoras de combustíveis ligadas ao PCC. O governo de São Paulo, no entanto, já descartou a ligação com a facção criminosa.