A menos de dois dias do prazo para evitar a interrupção de serviços federais, o governo de Donald Trump enfrenta a ameaça de um novo shutdown. O alerta partiu do vice-presidente J.D. Vance, que admitiu nesta segunda-feira (29) que a administração “caminha para a paralisação” diante da falta de consenso no Congresso.
O encontro realizado na Casa Branca reuniu alguns dos nomes mais influentes do Capitólio: Hakeem Jeffries e Chuck Schumer, líderes democratas na Câmara e no Senado; o republicano Mike Johnson, presidente da Câmara; e o senador John Thune, líder da maioria republicana.
“Acho que estamos caminhando para um shutdown porque os democratas não farão a coisa certa (…) Sabemos que a política de saúde americana está falida. Temos tentado consertá-la nos oito meses em que estamos no poder,” afirmou Vance.
As propostas em debate mostram a distância entre as duas bancadas. Os republicanos tentam ganhar fôlego político ao propor a manutenção do financiamento atual até 21 de novembro, enquanto os democratas defendem um pacote mais curto, válido apenas até outubro, mas recheado de condicionantes.
Entre elas, estão a prorrogação dos créditos tributários do Obamacare, previstos para expirar em 2025, e limites à liberdade de Trump em segurar repasses federais, ponto considerado sensível pela oposição.
Sem entendimento, cresce o temor de que repartições públicas fechem as portas já em 1º de outubro, em mais um capítulo de disputas orçamentárias que se tornaram frequentes no cenário político norte-americano.
Por meio do X (antigo Twitter), o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, declarou que a responsabilidade por evitar a paralisação do governo recai diretamente sobre Donald Trump.“Os americanos estão enfrentando uma crise de aumento nos custos da saúde. Se o governo paralisar, é porque os republicanos preferem paralisá-lo a ajudar as pessoas a pagar pela saúde”, destacou.
O governo dos Estados Unidos enfrenta uma paralisação porque nenhum dos 12 projetos de lei orçamentários necessários para o novo ano fiscal foi aprovado. Sem uma medida temporária que mantenha o financiamento, a chamada Lei Antideficiência obriga a suspensão imediata de todas as atividades consideradas não essenciais.
Os setores essenciais não param: militares, policiais federais, controladores de tráfego aéreo e agentes da TSA continuam atuando, mas sem receber salários enquanto a paralisação durar. Já os funcionários de áreas secundárias, normalmente afastados temporariamente, desta vez podem enfrentar demissões permanentes, especialmente em programas sem financiamento alternativo.
Serviços vitais como Previdência Social, Medicare e Medicaid continuam em funcionamento, embora atrasos administrativos sejam prováveis. Parques nacionais e atrações federais tendem a operar de forma limitada, abrindo apenas parcialmente e com serviços reduzidos, como aconteceu em paralisações anteriores.