No mesmo dia da deflagração da Operação Spare, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a criação de uma delegacia especializada no combate aos crimes contra o sistema financeiro. A operação é um desdobramento da Operação Carbono Oculto, que investiga uma organização criminosa envolvida em lavagem de dinheiro por meio de postos de combustíveis, fintechs e exploração de jogos de azar.
Segundo Haddad, a nova delegacia terá como foco o enfrentamento estruturado do crime organizado e sua intersecção com a economia real. Ele ressaltou que esta foi a quarta operação realizada no âmbito dessa cooperação, envolvendo ministérios públicos federal e estaduais, além das polícias militares.
Nos próximos dias, o ministro enviará ao Ministério de Gestão e Inovação (MGI) a proposta para a criação da delegacia, que funcionará dentro da estrutura da Receita Federal. A Operação Spare surgiu a partir de suspeitas relacionadas à movimentação financeira das empresas investigadas.
Durante as investigações, verificou-se que as empresas movimentavam cerca de R$ 4,5 bilhões, mas recolhiam tributos sobre apenas 0,1% desse valor, o que chamou a atenção da Receita Federal, conforme destacou Haddad. A operação resultou no cumprimento de 25 mandados de busca e apreensão.
O coronel Valmor Racorti, comandante do Policiamento de Choque, informou que foram apreendidos quase R$ 1 milhão em espécie, além de 20 celulares, computadores e uma arma de fogo. Para o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, as facções criminosas estão diversificando suas ações para além do tráfico de drogas, infiltrando-se também na economia formal e na política.
De acordo com o promotor Silvio Loubeh, do Gaeco, as investigações começaram a partir da suspeita sobre casas de jogos na Baixada Santista que utilizavam máquinas de crédito e débito. A partir dessa linha, foram identificados dois postos de combustíveis envolvidos em lavagem de dinheiro.
Além dos postos, o grupo criminoso controlava uma rede de motéis e empresas de fachada que movimentaram milhões de reais. Robinson Barreirinhas, secretário da Receita Federal, destacou a necessidade de avançar no controle da importação de petróleo e seus derivados para combater essa infiltração.
As apurações ainda indicam vínculos da organização criminosa com empresas do setor hoteleiro e com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A Operação Spare mobilizou 110 policiais militares do Comando de Choque de São Paulo, agentes da Receita Federal, além de membros da Procuradoria-Geral do Estado e da Secretaria da Fazenda para cumprir as ordens judiciais.