Uma amiga do piloto australiano Timothy J. Clark, morto na queda de um monomotor carregado com quase 200 quilos de cocaína em Coruripe, no litoral sul de Alagoas, revelou que já havia alertado as autoridades de seu país sobre o desaparecimento dele. Em março, segundo ela, solicitou uma checagem de bem-estar, mas não recebeu resposta.
Ela acredita que Clark possa ter sido envolvido em um esquema de tráfico internacional sem ter plena consciência do risco. “Estou em choque. Essa história não começou agora para mim. Desde março eu percebia que havia algo errado, mas ele parecia preso em uma situação da qual não conseguia escapar”, afirmou.
A amiga relatou ainda que buscou ajuda junto à Polícia Federal Australiana e ao Departamento de Relações Exteriores, sem sucesso. “Fui eu quem começou a procurar notícias dele. Depois insisti com as autoridades. Tim tinha contatos importantes, investimentos. É preciso recolher seus bens pessoais na África do Sul, como o telefone e cartões SIM, antes que desapareçam. Mas talvez já seja tarde”, completou.
Segundo o Daily Mail, Clark atuou como diretor e secretário de várias empresas de investimento ao longo das últimas décadas. Conhecido online pelo apelido The Broker, ele morava na África do Sul e, em 2015, chegou a trabalhar em uma empresa de aviação que fazia voos regionais na Tasmânia.
Entenda
No dia 14 de setembro, moradores da zona rural de Coruripe ouviram um forte estrondo vindo de um canavial e acionaram imediatamente a Polícia Militar.
Ao chegarem ao local, os policiais encontraram o monomotor completamente destruído e o corpo do piloto. A identidade dele foi confirmada por meio de uma carteira de motorista australiana recolhida entre os destroços.
A investigação preliminar indicou que a cocaína estava embalada em tijolos que exibiam um logotipo falso da SpaceX.
Em nota, a 9ª Companhia Independente da PM informou que o avião trazia a bandeira da Zâmbia, informação que foi desmentida pelo país africano. O prefixo registrado na fuselagem, ZU-IMX, corresponde a uma matrícula sul-africana.
Os destroços foram encaminhados para o Aeroporto de Arapiraca, onde permanecerão até que a Justiça Federal autorize sua destruição.
Além disso, o caso está sendo analisado pelo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA II), que acompanha todas as diligências relacionadas ao acidente.