Articulação de Tarcísio de Freitas e atritos com o PT impulsionaram mudança no bloco
A reunião de líderes da Câmara, realizada na terça-feira (02), marcou uma virada na postura do Centrão em relação à proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. Após semanas de resistência, a maioria dos partidos do bloco passou a defender que o líder Hugo Motta (Republicanos-PB) paute a votação do projeto.
Segundo caciques do grupo, dois fatores foram decisivos para a mudança. O principal foi a entrada direta do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na articulação política. O segundo, o desgaste provocado por ações recentes do PT contra lideranças do Centrão.
Papel de Tarcísio
Nos últimos dias, Tarcísio mergulhou no tema e intensificou conversas com aliados. No fim de semana, tratou do assunto com o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ). Na segunda-feira (01), dialogou com Hugo Motta e com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Na terça-feira (02), dia em que o Supremo Tribunal Federal iniciou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no inquérito do golpe, o governador paulista desembarcou em Brasília para novas articulações. Sua atuação foi vista como determinante para unificar o Centrão em torno da anistia.Atrito com o PTA guinada também teve influência de episódios recentes envolvendo o PT.
Lideranças do Centrão se irritaram com a repercussão, por petistas, de uma reportagem do portal ICL que citava suposto envolvimento do senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do partido, com empresas investigadas pela Polícia Federal por ligações com o PCC.
O episódio acelerou o desembarque oficial de PP e União Brasil do governo, anunciado na própria terça-feira (02). Na ocasião, as siglas afirmaram que, sem vínculos com a base governista, passariam a defender a aprovação da anistia.Sl
Somou-se a isso a crítica feita pelo presidente Lula ao líder do União Brasil, Antonio Rueda, durante a última reunião ministerial. O petista afirmou que Rueda “não gosta dele” e que o sentimento era recíproco, o que ampliou o distanciamento político.
Próximos passos
Com a nova configuração, Centrão e oposição articulam intensificar as pressões para que Hugo Motta coloque o projeto em votação logo após a conclusão do julgamento de Bolsonaro no STF. A expectativa é que a proposta ganhe tração entre as bancadas e se torne um dos principais embates no Congresso nas próximas semanas.

