Ex-ministro da Defesa é um dos réus no julgamento da trama golpista, que entrou no segundo dia nesta quarta-feira. PGR acusou Paulo Sérgio Nogueira de participar com núcleo de Bolsonaro de atos para o golpe de Estado.
O advogado Andrew Fernandes, que representa o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, afirmou nesta quarta-feira (3) que seu cliente tentou demover o ex-presidente Jair Bolsonaro de tentativas golpistas.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) realiza o segundo dia de julgamento da trama golpista, com a fala das defesas dos réus.Paulo Sérgio Nogueira é acusado pela Procuradoria-Geral da República de discutir e elaborar com o núcleo do ex-presidente Jair Bolsonaro medidas para subverter a democracia no Brasil e evitar a posse do presidente Lula, entre o fim de 2022 e início de 2023.Para o advogado, “está mais do que provado que o general Paulo Sérgio é inocente”.
“[O general Paulo Sérgio] Atuou ativamente para demover o ex-presidente da República de qualquer medida nesse sentido”, afirmou Andrew Fernandes.”
Ele não fazia parte dessa organização criminosa”, continuou.
Ao final da fala do advogado, a ministra Cármen Lúcia, uma das integrantes da Turma, quis saber ao que ele se referia quando disse que Paulo Sérgio demoveu Bolsonaro.
“Demoveu de quê?”, questionou a ministra.”De qualquer medida de exceção”, respondeu Fernandes.
Relatório sobre urnas
Em interrogatório, o delator Mauro Cid afirmou que Bolsonaro pressionou o então ministro Paulo Sérgio Nogueira por um relatório “duro” contra o sistema eletrônico de votação.
As Forças Armadas indicaram representantes para participar de uma comissão de fiscalização das eleições, organizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)O relatório não apontou fraudes no sistema eleitoral, mas teve entrega adiada, o que foi apontado uma manipulação da divulgação do documento.
“Essa questão de postergação de relatório não condiz com a realidade e não condiz com a prova dos autos”, afirmou a defesa do ex-ministro.
A entrega estava marcada para depois do 1º turno das eleições, realizado em 2 de outubro de 2022, mas foi entregue só em 9 de novembro.
Defesa de Bolsonaro
Mais cedo, quem falou foi a defesa de Jair Bolsonaro, representada pelos advogados Celso Villardi e Paulo Bueno.
Os pontos principais levantados pela defesa foram:Não atentou contra a democracia: advogados afirmaram que não há provas de que Bolsonaro tenha atentado contra o Estado Democrático de Direito, participado de planos golpistas ou incentivado os atos de 8 de janeiro.
Questionamento da delação de Mauro Cid: sustentaram que o ex-ajudante de ordens apresentou versões contraditórias e que sua colaboração premiada é inválida. Criticaram ainda a forma como a PF disponibilizou as provas (mais de 70 terabytes), alegando falta de tempo adequado para análise.
Minutas golpistas: afirmaram que a suposta minuta que previa a prisão de autoridades nunca foi localizada, estando apenas nas palavras de Cid. Disseram que documentos encontrados no celular de Bolsonaro foram enviados por terceiros e não foram discutidos.
Sem violência ou grave ameaça: argumentaram que os crimes imputados exigem violência ou grave ameaça, o que não teria ocorrido. Para a defesa, críticas feitas em lives ou reuniões seriam, no máximo, atos preparatórios — insuficientes para configurar golpe de Estado.
Transição de governo: ressaltaram que Bolsonaro determinou e facilitou a transição para o governo Lula, inclusive pedindo a caminhoneiros que liberassem estradas bloqueadas. Afirmaram ainda que, após 31 de dezembro de 2022, o ex-presidente não tinha mais responsabilidade sobre eventos posteriores.
General Paulo Sérgio tentou demover Bolsonaro de tentativas golpistas, diz defesaGeneral Paulo Sérgio tentou demover Bolsonaro de tentativas golpistas, diz defesa.
Por: G1

