Defesa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro afirmou no STF que o tenente-coronel “perdeu tudo” após delação e não tem condições de seguir carreira militar
A defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, informou nesta terça-feira (02) que o tenente-coronel pediu baixa do Exército por não ter mais “condições psicológicas” de continuar na carreira militar. A declaração foi feita durante sustentação oral na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que retomou o julgamento da ação penal sobre a suposta trama golpista atribuída a Bolsonaro e outros sete réus.
O advogado Jair Alves Pereira afirmou que o desgaste emocional e a exposição pública após a delação premiada levaram Cid a abandonar o Exército.
“Não é exigível que se pretenda que um colaborador que se expôs como Mauro Cid, que literalmente perdeu a carreira, afastou-se da família e amigos, continue sustentando esse peso. Ele pediu baixa porque não tem mais condições psicológicas de permanecer como militar”, declarou o defensor.
O jurista ressaltou que o ex-ajudante de ordens “perdeu tudo” com a colaboração.
“Se ele dá sustentação e dinâmica aos fatos, e dá, por que não teria os benefícios ajustados? Depois de mais de dois anos afastado de suas funções, em cautelar diversa da prisão, não é justo que o Estado lhe negue o que foi pactuado”, disse.
A defesa também buscou justificar contradições nos depoimentos de Cid à Polícia Federal (PF), apontando o abalo emocional enfrentado pelo militar.
“Não posso exigir, pelo abalo psicológico, por tudo que sofreu, pela pressão, pela troca de advogado e de tese, que ele mantenha sempre coerência absoluta. Algumas escorregadas podem ocorrer, mas nunca comprometendo o acordo de delação”, completou Pereira.
A Primeira Turma do STF analisa a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que acusa Bolsonaro e integrantes do chamado núcleo 1 da trama golpista de tentar anular as eleições de 2022 para manter o ex-presidente no poder.