Uma megaoperação deflagrada nesta quinta-feira (28/8) pela Polícia Federal (PF), em conjunto com a Receita Federal e o Ministério Público de São Paulo (MPSP), mira um esquema bilionário de fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, com ramificações que envolvem núcleos do Primeiro Comando da Capital (PCC) e operadores da Faria Lima. A ofensiva cumpre mandados de prisão, busca e apreensão em oito estados e foi classificada pelas autoridades como a maior ação contra o crime organizado da história do país.
Em coletiva de imprensa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que a operação conseguiu atingir “o andar de cima do sistema”.
“Essa operação é exemplar porque conseguiu chegar na cobertura do sistema, no andar de cima. Para isso, a Polícia Federal e a Receita Federal têm que trabalhar juntas. A investigação tem que ir com a fiscalização. Isso não é obra do acaso, mas de decisão política”, afirmou.
Haddad reforçou que, diante da sofisticação das práticas criminosas, o Estado precisa responder com inteligência e integração:
“Você deixar uma equipe exclusiva para decifrar a fraude estruturada, que conta com mecanismos financeiros sofisticados, é a maneira correta de usar a inteligência do Estado para chegar aos líderes do crime. Assim você seca a fonte dos recursos, para impedir que a atividade criminosa seja abastecida.”
Segundo o ministro, a atuação da Receita foi fundamental para desvendar a teia de ocultação de patrimônio, que envolvia fundos de investimento fechados e operações financeiras complexas. O trabalho permitiu rastrear recursos que abasteciam mais de mil postos de gasolina, quatro refinarias e uma frota superior a mil caminhões usados pelo esquema.
Lewandowski defende PEC da SegurançaTambém presente à coletiva, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, classificou a ação como “uma das maiores operações da história brasileira e mundial contra o crime organizado”.
“Hoje nós deflagramos uma das maiores operações da história contra o crime organizado, sobretudo em sua atuação no mercado legal. Estamos atacando neste momento a apropriação das organizações criminosas em parte do setor de combustíveis e sua ligação com o setor financeiro no que diz respeito à lavagem de dinheiro”, disse.
Lewandowski aproveitou para defender a tramitação rápida da PEC da Segurança, destacando a necessidade de reforço institucional no combate ao crime.
Estrutura do esquema
De acordo com a força-tarefa, a investigação rastreou toda a cadeia produtiva dos combustíveis dominada pelo crime organizado, desde a importação e produção até a distribuição e a venda ao consumidor final. O dinheiro ilícito era posteriormente lavado por meio de fintechs e fundos de investimento, em um processo de blindagem patrimonial que permitia ao PCC e a seus operadores movimentar grandes somas sem chamar atenção imediata das autoridades.
A operação, considerada histórica, representa um marco na cooperação entre órgãos de segurança e fazenda, que buscam atingir não apenas a base operacional, mas também os responsáveis pelo comando financeiro das organizações criminosas.