O Brasil deve registrar, em 2025, uma das maiores ondas de saída de famílias de alta renda de sua história recente. Um estudo da Henley & Partners, consultoria especializada em realocação de milionários, estima que 1,2 mil pessoas com patrimônio superior a US$ 1 milhão devem deixar o país neste ano.
O número representa uma alta de 50% em relação a 2024. Em valores, isso significa a retirada potencial de US$ 8,4 bilhões (cerca de R$ 46 bilhões) da economia nacional, considerando a cotação do dólar a R$ 5,48 em 21 de agosto.
Brasil é o sexto que mais perde milionários
Segundo o levantamento, o Brasil ocupa a sexta posição no ranking global de países que mais devem perder milionários em 2025. À frente estão Reino Unido (16,5 mil), China (7,8 mil), Índia (3,5 mil), Coreia do Sul (2,4 mil) e Rússia (1,5 mil).
O Instituto Millenium também aponta que a tendência não é nova. Em estudo próprio, a entidade estima que quase 20% dos milionários brasileiros deixaram o país na última década.
Impacto além das finanças
Especialistas alertam que a saída dos super-ricos não se limita à perda de capital. “O impacto vai além do dinheiro. O país perde também cérebros, gestores e empreendedores que poderiam gerar novos negócios e empregos”, afirma Leonardo Chagas, especialista em investimentos e gestão de patrimônio e colaborador do Instituto Millenium.
Entre os principais destinos preferidos pelos milionários estão países que oferecem segurança jurídica, qualidade de vida e regimes fiscais mais atrativos. Portugal, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos aparecem entre os mais citados.
Debate sobre competitividade
Economistas avaliam que o movimento é reflexo de um ambiente de negócios considerado instável e de fatores como carga tributária elevada, insegurança pública e incertezas políticas. A tendência, dizem, pode pressionar ainda mais o país a discutir políticas que incentivem a permanência de capital e talentos no território nacional.

