Alagoas vive um processo de expansão significativa nas florestas plantadas, alcançando a marca de 42 mil hectares em 2025. Só nos últimos três anos, foram adicionados 10 mil hectares de eucalipto, consolidando o estado como um importante polo desse setor que impacta diretamente o cenário ambiental e econômico. A informação foi divulgada pelo jornal Tribuna Independente neste sábado (16).
Com a execução do Plano de Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC+ Alagoas), sob coordenação da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (Seagri), a meta é ampliar ainda mais essas áreas. A iniciativa busca mitigar as emissões de gases de efeito estufa ligadas às atividades agropecuárias, ao mesmo tempo em que fortalece a captura de carbono da atmosfera.
De acordo com as estimativas, a expectativa é acrescentar 15 hectares de eucalipto e expandir em 2.300 hectares os sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta até o fim do decênio 2020-2030.
A secretária Aline Rodrigues destacou a importância do monitoramento constante desse avanço. Segundo ela, “todas as ações e estratégias que unem sustentabilidade e tecnologias capazes de reduzir gases de efeito estufa e intensificar o sequestro de carbono são essenciais para o Plano ABC+. Até o fim do decênio, a tendência é de ampliação contínua das áreas plantadas”.
No aspecto da produtividade, Alagoas se sobressai em relação ao restante do país. Enquanto a média nacional de rendimento está em 39 m³ por hectare/ano, o estado atinge 60 m³ e tem potencial para chegar a 80 m³. Já no sequestro de carbono, cada hectare de eucalipto pode retirar da atmosfera entre 10 e 20 toneladas anuais de CO₂, acumulando de 70 a 140 toneladas ao longo de um ciclo completo da floresta.
Economia Verde
O crescimento das florestas plantadas em Alagoas também está ligado à chegada de empresas do setor, que, somadas a estratégias de incentivo, ampliaram de forma significativa a produção sustentável no estado.
O marco mais expressivo da silvicultura ocorreu em 2014, quando começaram a se instalar empresas voltadas, sobretudo, para o uso de biomassa como matriz energética limpa e para a prática do sistema silvipastoril em parceria com produtores rurais.
Acompanhando esse movimento, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Sedics), por meio da Superintendência de Políticas Energéticas, vem monitorando os principais projetos em execução que utilizam o eucalipto em diferentes áreas.
Atualmente, três frentes concentram os maiores investimentos: a Veolia, responsável por gerar vapor industrial a partir da biomassa no Polo de Marechal Deodoro; a Amaru Sustentabilidade, que atua no setor moveleiro na região da Grande Maceió; e a Caetéx, também voltada para a produção de móveis com madeira de reflorestamento.
Essas iniciativas só se tornaram viáveis graças ao Programa de Desenvolvimento Integrado de Alagoas (Prodesin), que garante condições competitivas e atrativas para empresas que investem em sustentabilidade.
Segundo o superintendente de Políticas Energéticas da Sedics, Bruno Macedo, “o projeto da Veolia é hoje o mais avançado em operação, substituindo combustíveis fósseis por biomassa de eucalipto e aumentando a eficiência energética no Polo de Marechal Deodoro. Além disso, iniciativas como Amaru Sustentabilidade e Caetéx diversificam o uso do eucalipto e fortalecem setores estratégicos da economia alagoana”.
Com mais de 20 mil hectares de eucalipto já plantados, Alagoas é destaque nacional em produtividade, alcançando índices entre os mais altos do país por hectare/ano.
Outro ponto de destaque é a matriz energética estadual, formada por 82% de fontes renováveis, o que coloca o estado em posição de liderança no setor de bioenergia no Brasil.
Para a secretária de Estado do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Alice Beltrão, os avanços são reflexo de políticas públicas sólidas. “A economia verde de Alagoas cresce a partir de três pilares: a expansão das florestas plantadas, a matriz energética renovável e a atração de empresas comprometidas com a sustentabilidade. Esses resultados só acontecem porque o Prodesin dá segurança ao investidor e benefícios diretos à população, com geração de emprego, renda e novas oportunidades.”
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
A expansão dos plantios em Alagoas também se beneficia da adoção do sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) nas atividades agropecuárias. Estima-se que, em 2025, a área cultivada com ILPF aumente de 600 hectares para 1.000 hectares, ampliando a produtividade e sustentabilidade do setor.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a silvicultura no estado tem apresentado crescimento consistente entre 2020 e 2022, passando de 21.852 hectares para 27.575 hectares, refletindo a consolidação da atividade e o interesse crescente dos produtores.
A produção voltada para fins comerciais é majoritariamente de eucalipto, envolvendo atualmente 51 produtores com áreas a partir de 3 hectares. Um estudo realizado pela Veolia, líder global em gestão de água e energia sustentável, destacou a importância desse setor, sobretudo após a empresa iniciar suas operações em Alagoas em 2021, incluindo o maior projeto de descarbonização do mundo realizado pela companhia.
Os plantios concentram-se principalmente na região Norte do estado, com destaque para municípios como Maceió, que possui cerca de 10 mil hectares, Flexeiras, Atalaia, São Luiz do Quitunde e Maragogi. Além disso, a Veolia possui áreas em Ibateguara, Jequiá da Praia, Penedo, Atalaia e Joaquim Gomes, reforçando a distribuição estratégica da silvicultura.
Marcos Rezende, engenheiro florestal e coordenador de Silvicultura da Veolia, ressaltou a evolução da mentalidade dos produtores: “A consciência sobre a floresta plantada mudou nos últimos dez anos. A cultura do eucalipto se expandiu no Brasil e hoje há manejos e tratamentos mais modernos e eficientes voltados para as florestas plantadas”.