Um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e instituições internacionais, revelou que o deslocamento horizontal do solo na região dos Flexais, em Maceió, atinge 10 milímetros por ano, o dobro do limite previsto no atual mapa de criticidade da cidade. O levantamento foi apresentado nesta sexta-feira (8/8) durante audiência pública no auditório João Sampaio, no Cesmac, bairro do Farol.
O dado reforça a continuidade da subsidência na capital alagoana, fenômeno relacionado ao afundamento do solo que já comprometeu cinco bairros devido à exploração de sal-gema.
Contraponto à Defesa Civil
O resultado contradiz o relatório da Defesa Civil Municipal divulgado no último dia 30 de julho. No documento, assinado também pela Defesa Civil Nacional e pela Braskem, não há reconhecimento de vínculo entre as rachaduras nos imóveis dos Flexais e o processo de subsidência. A área analisada inclui a AT-01, que abrange Flexal de Cima, Flexal de Baixo e parte da Chã de Bebedouro, considerada uma das mais afetadas pela tragédia geológica.
Outros pontos críticosSegundo o professor Marcos Eduardo Hartwig, do Departamento de Geologia da Ufes, responsável pela apresentação do estudo, o solo do bairro do Pinheiro continua instável, exigindo revisão urgente do mapa de criticidade, sobretudo em áreas urbanas com maior impacto estrutural.
O pesquisador também destacou que a Estação de Tratamento de Água Cardoso, localizada entre o Catolé e o Bebedouro, está inserida em zona crítica. A estrutura apresenta deslocamentos verticais e horizontais, fissuras e vazamentos na adutora, mesmo após obras de reforço em concreto. Equipamentos como fissurômetros já foram instalados para medir o avanço das trincas.
Revisão e monitoramento
Diante dos achados, Hartwig defendeu a atualização imediata dos mapas de criticidade e a implantação de um sistema permanente de monitoramento. Ele também propôs a criação de um “mapa de nível de danos” específico para as áreas periféricas às zonas críticas, a fim de orientar ações de prevenção e mitigação.

