Nessa quinta-feira (7), a Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou uma operação que teve como alvo 15 influenciadores digitais, que juntos acumulam mais de 30 milhões de seguidores em diversas redes sociais. Segundo a polícia, eles estariam envolvidos em um esquema ilegal de promoção do “jogo do tigrinho” e outros jogos proibidos.
De acordo com as autoridades, o grupo movimentou quantias suspeitas que ultrapassam R$ 4 bilhões em transações bancárias. A reportagem tenta contato com as defesas dos investigados para obter posicionamentos.
Entre os investigados está Anna Beatriz Miranda, conhecida como Bia Miranda, que possui 6,2 milhões de seguidores em apenas dois perfis no Instagram. Ela se apresenta como figura pública e se define como “boladona não, posturada!”. A modelo carioca ganhou notoriedade ao ficar em segundo lugar no reality show A Fazenda, da Record.
Samuel Sant’Anna da Costa, o Gato Preto, compartilhou em suas redes sociais o momento da prisão durante a operação policial. Nas imagens, um policial orienta que ele coloque as mãos na parede e pergunta se está armado, informando que ele está preso e será levado para a delegacia. Em outros vídeos, Samuel exibe carros de luxo.
Outro nome conhecido é Maurício Martins Junior, o Maumau, influenciador digital e humorista apelidado de “príncipe da ousadia”. Com 3,4 milhões de seguidores no Instagram, ele também é proprietário da empresa Maumauzk, especializada em eventos. Ficou famoso após compartilhar um vídeo relatando sua experiência como gari em Osasco, na Grande São Paulo.
Paola de Ataíde Rodrigues, ou simplesmente Paola Ataíde, atua como criadora de conteúdo digital focada em bem-estar e autocuidado. Somadas, suas páginas reúnem quase 6 milhões de seguidores nas redes sociais.
Paullina Attaide, irmã de Paola, também é criadora de conteúdo digital e conta com mais de 4 milhões de seguidores. Em sua apresentação, ela descreve seu conteúdo como a gravação de sua vida divertida — às vezes louca — enquanto cuida de si mesma e da filha, Laura Ataíde.
Já Rafael da Rocha Buarque, conhecido como Dj Buarque, é ex-companheiro de Bia Miranda, com quem tem um filho. Ele é reconhecido por compor e apresentar músicas de funk.
Lavagem de dinheiro e organização criminosa
Segundo a polícia do Rio de Janeiro, os influenciadores digitais utilizavam suas redes sociais, onde acumulam milhões de seguidores, para promover jogos de azar e cassinos online, incluindo o chamado “jogo do tigrinho”. A operação também investiga fintechs relacionadas a esses influenciadores.
A Operação Desfortuna identificou indícios de lavagem de dinheiro e organização criminosa. Conforme a investigação, os influenciadores incentivavam o jogo por meio das redes sociais, fazendo promessas enganosas de lucros fáceis para atrair seguidores às plataformas de apostas proibidas no país.
Foram detectados sinais claros de enriquecimento incompatível com a renda declarada pelos envolvidos. Eles exibiam estilos de vida luxuosos, com viagens internacionais, carros de alto padrão e imóveis sofisticados. Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontaram movimentações bancárias suspeitas que ultrapassam R$ 4 bilhões.
Além da promoção de jogos ilegais, os investigados são suspeitos de integrar uma organização criminosa estruturada, com divisão de funções entre divulgadores, operadores financeiros e empresas de fachada. Essa estrutura teria sido usada para ocultar a origem ilícita dos recursos, configurando lavagem de dinheiro. Algumas conexões apontam para vínculos com o crime organizado.
A ação, realizada nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, cumpriu 31 mandados de busca e apreensão. Durante a operação, na residência do influenciador Maumau, em Arujá (Grande São Paulo), foi encontrada uma arma. Ele foi preso e conduzido à delegacia da Polícia Civil.
A Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil do Rio foi a responsável pela condução da Operação Desfortuna.
