O presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), o embaixador André Corrêa do Lago, afirmou nesta quarta-feira (6) que os preços das hospedagens em Belém (PA), cidade-sede do evento, estão “muito acima” dos praticados em edições anteriores da conferência. A declaração foi feita durante participação na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Segundo Corrêa do Lago, delegações internacionais têm manifestado preocupação com os valores cobrados por hotéis durante o evento, previsto para novembro de 2025.
“Os países que estão procurando fazer reservas estão vendo que os preços são 10, 15 vezes maiores do que os hotéis normalmente oferecem. Tudo está muito acima do que acontece em outras COPs”, alertou.
Apesar do cenário, o embaixador destacou que o governo federal está ciente da situação e busca uma solução legal por meio da Secretaria Extraordinária para a COP30, responsável pela articulação dos preparativos.
“A legislação brasileira permite a prática de preços pelos hotéis, mas estamos discutindo alternativas dentro do que é possível”, explicou.
Ainda de acordo com Corrêa do Lago, o problema está mais relacionado ao custo das hospedagens do que à disponibilidade de leitos. Recentemente, o governo do Pará e representantes do setor hoteleiro se reuniram para tratar da ampliação da oferta de acomodações e do controle de preços. Um mapeamento das hospedagens está em andamento e poderá embasar ações de fiscalização.
“Não há plano B”
Em resposta a questionamentos sobre uma possível mudança de sede da conferência, Corrêa do Lago foi categórico: “Não há plano B. O plano B é Belém. B de Belém”. Ele também aproveitou o momento para ressaltar a importância da cidade na realização do evento, que ocorre pela primeira vez na Amazônia brasileira.
“Belém é uma cidade incrível, com uma história extraordinária e que vai nos receber no pleno coração da Amazônia”, declarou.
Ajustes climáticos e geopolítica
Mais cedo, durante a solenidade de abertura da II Cúpula Parlamentar de Mudança Climática, no Senado, o embaixador mencionou os desafios enfrentados pelo multilateralismo climático, como a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris durante o governo Donald Trump.
“A COP30 será uma ocasião muito particular para ajustarmos a melhor maneira de usar os instrumentos que temos. E a melhor maneira é a ação, é a implementação”, ponderou.
Convite diplomático
A fala do presidente da COP ocorre um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciar que pretende convidar Donald Trump para a conferência. Segundo Lula, o convite será um gesto diplomático para ouvir as opiniões do ex-presidente dos EUA sobre o tema.
“Se ele não vier, vai ser porque não quer, mas não vai ser por falta de delicadeza, charme e democracia”, afirmou o presidente brasileiro.
A COP30 será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025, e deverá reunir líderes mundiais, ambientalistas, cientistas e representantes da sociedade civil em debates sobre as ações globais para enfrentar a crise climática.

