O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que permanecerá nos Estados Unidos com o objetivo de influenciar novas sanções ao Brasil durante o governo do ex-presidente americano Donald Trump. Em entrevista ao jornal O Globo nesta quarta-feira (6), o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que há a possibilidade de passar “décadas” em autoexílio no país norte-americano.
“Se eu retornar, sei que vou ser preso”, declarou o parlamentar, investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de coação no processo em que Jair Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado. Eduardo admitiu que está nos EUA em caráter indefinido, mas não esclareceu qual é sua situação jurídica no país.
A fala ocorre no mesmo dia em que entraram em vigor as tarifas de 50% impostas pelos EUA a produtos brasileiros. Questionado sobre o impacto bilionário das medidas para o agronegócio nacional, Eduardo culpou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e voltou a defender uma “anistia ampla, geral e irrestrita” para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e nas tentativas de ruptura institucional após as eleições de 2022.
“Isso colocaria o Brasil numa boa condição na mesa de negociações junto ao governo dos EUA”, afirmou.
Apesar disso, Eduardo disse que não pretende interceder diretamente com Donald Trump: “Não me sinto na posição de desautorizar o Trump. Entendo que ele é muito mais qualificado do que eu para escolher quais armas utilizar nessa briga, até porque tem uma carreira de muito êxito empresarial, é um excelente negociador”.
Ao minimizar os impactos das sanções, o parlamentar afirmou que “até agora nenhum fazendeiro ou produtor agrícola me ligou para dizer que eu deveria parar com as minhas ações”. Um levantamento do Estadão/Broadcast, no entanto, apontou que 82% das exportações do agronegócio brasileiro serão prejudicadas com as novas tarifas, por estarem fora da lista de exceções.
Sanções e mandato à distância
Ainda na entrevista, Eduardo Bolsonaro declarou que manterá contato com autoridades americanas e que a permanência nos EUA “pode durar um bom tempo”. O deputado também afirmou que pretende comunicar oficialmente ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a intenção de exercer o mandato à distância, em apoio à proposta de mudança no regimento interno apresentada pelo deputado Evair de Melo (PP-ES).
Ele também voltou a ameaçar com possíveis sanções norte-americanas os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara, Hugo Motta, caso não pautem a anistia aos investigados por tentativa de golpe ou o impeachment de Moraes.
“Uma vez que não é pautado o impeachment do ministro Alexandre de Moraes no Senado, uma vez que o presidente da Câmara não pauta uma anistia, eles estão entrando no radar das autoridades americanas. Todos eles estão no radar”, disse.
Eduardo relatou visitas frequentes à Casa Branca e contatos com congressistas republicanos como María Elvira Salazar, Richard McCormick e Chris Smith, além de manter relações com o ex-estrategista de Trump, Steve Bannon.
Sobre o cenário para as eleições de 2026, Eduardo afirmou que só será candidato à Presidência caso receba apoio do pai.
“Antes, tenho que ter sucesso nessa questão de resgate da normalidade democrática no Brasil e no isolamento do Alexandre de Moraes, na anistia, em todas essas pautas”, declarou.

