Ministro Mauro Vieira denuncia ataques “em conluio com forças estrangeiras” e afirma que soberania do Brasil não será negociada
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, fez duras críticas nesta segunda-feira (4/8) ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), durante discurso na cerimônia de comemoração dos 80 anos do Instituto Rio Branco, em Brasília. Sem mencionar nomes diretamente, Vieira condenou o que chamou de “ataques orquestrados por brasileiros, em conluio com forças estrangeiras”, afirmando que esses movimentos não conseguirão subverter a democracia brasileira.
“Saudosistas declarados do arbítrio, e amantes confessos da intervenção estrangeira, não terão êxito em sua tentativa de subverter a ordem democrática e constitucional da República Federativa do Brasil”, declarou o chanceler, em tom firme, ao destacar o compromisso do país com a legalidade e o Estado de Direito.
A declaração ocorre em meio a um crescente mal-estar diplomático com os Estados Unidos. Em julho, o ex-presidente Donald Trump anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, em represália ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, apontado como líder de uma tentativa de golpe de Estado em 2022. Além disso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foi alvo de sanções norte-americanas com base na Lei Magnitsky, que pune autoridades acusadas de violar direitos humanos.
Desde fevereiro, Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos em licença do mandato na Câmara. Segundo reportagens, ele tem atuado junto ao governo norte-americano para pressionar por sanções contra autoridades brasileiras, com o objetivo de enfraquecer os julgamentos ligados à tentativa de golpe, incluindo o de seu pai.
Vieira reforçou que os responsáveis pela tentativa de golpe estão sendo julgados “em processos transparentes, com direito à ampla defesa e completo respeito ao devido processo legal”.
Ele ainda afirmou que a soberania brasileira “não estará em qualquer mesa de negociações”, ressaltando que o país não aceitará “exigências inaceitáveis”.
As declarações do chanceler ocorrem em um momento em que o Brasil busca reafirmar sua posição no cenário internacional diante de pressões externas e internas, especialmente em um contexto de investigações e responsabilizações por crimes contra o Estado democrático de Direito.