As fotos do jornalista Ailton Cruz, o Birrada, poderiam ser confundidas com imagens da faixa de Gaza, no Oriente Médio, ou Kosovo, na Sérvia, no Sudeste da Europa.
As duas regiões convivem com cenários de destruição frequentes, em consequência das guerras étnicas que enfrentam.
Mas, na verdade, o olhar fotográfico do Birrada é para Maceió, no bairro do Pinheiro, onde a destruição não exige muito esforço da lente de um atento repórter-fotográfico.
Está tudo ali. Para a foto, filme ou lives de digital influencer, que tenha o mínimo de compromisso social para com a angústia, dor e revolta de uma gente vítima da destruição do maior crime ambiental já registrado na história de Alagoas, causado pela mineração da poderosa Braskem.
As mineradoras são assim em qualquer lugar deste País, onde os gestores maximizam o valor do capital e minimizam a história, a cultura, a dor e a vida das pessoas. A população de Mariana e Brumadinho, nas Gerais, podem dizer tudo isso com muita propriedade.
Mas a questão a ser colocada agora é outra.
Estamos nos aproximando das eleições municipais e uma infinidade de candidatos estão inscritos para governar a Maceió do Bom Parto, Mutange, Bebedouro, Pinheiro e Sanatório.
O que dirão eles, candidatos e candidatas, para a população desses bairros assombrados pelos efeitos da mineração desmedida, que causou destruição, doenças e mortes de maceioenses nessas regiões?
O que farão pelos bairros, pela população e que nível de responsabilidade terão na gestão de um problema que tem sido conduzido em “banho maria” pelas autoridades responsáveis?
Concretamente, sem promessas vãs, o que farão?
Até por que, de promessas feitas e não cumpridas bastam as do riacho Salgadinho.
Fonte – É Assim